É preciso salientar que as fichas de peixes não trazem esse dado, e somente com muita pesquisa poderemos achar algo sobre o tema. Certo que as plantas também precisam de luz para seu desenvolvimento saudável, mas falemos dos peixes. Resolvi escrever esse texto desde que passei a criar Tetras do Congo (Phenacogrammus interruptus) em um aquário de 120L brutos, munido de uma fluorescente branca média. Como minha experiência com esses tetras era em tanque de jardim, comecei a achar estranho que os quatro juvenis que consegui, mesmo após um mês no aquário, passavam a maior parte do tempo escondidos embaixo das anúbias que plantei no fundo, mas que quando apagava a luz (e ficava a claridade natural), eles saíam nadando normalmente por todo o espaço. Passei, então, a desligar a luz para alimentá-los, pela manhã, e à tardinha. Depois, pesquisando, notei que esses problemas de peixes assustadiços são mais comuns do que cogitamos, havendo relatos com Hasemania Nana, Neón Negro, Cardinais, Tetra Imperador, babos ouro, Dojôs, Synodontis, Ituís-Cavalo, etc. Pensei em quanta gente estressa seus peixes colocando-os em ambientes hiper-claros, quando a claridade para seu conforto devia ser bem mais baixa. Para piorar, ainda colocam como substrato mármore branco, que reflete mais ainda a luz. Certo que queremos ver nossos peixes no claro, com nitidez da luz e da água cristalina.

(Foto: K. Koike, 2012)
Ocorre que muitas espécies, como as de hábito noturno, ou as que vivem em tocas, preferem locais sombrios. Também outras espécies, que vivem em águas escurecidas por húmus, ou na sombra de florestas, preferem pouca iluminação. É o caso dos neóns, acarás-bandeira e discos. O melhor seria respeitar os graus de claridade das espécies, no aquário, investigando como era a vida delas no meio natural (mesmo que nem existam mais em meio selvagem). Muitos amigos criadores, depois, ficam preocupados que seus peixes estejam acanhados, parados, estressados, agressivos ou agitados, emagrecendo além da conta, ou até morrendo, conseguindo pular fora do tanque, etc. Peixes como bótias, lábeos e dojôs podem até viver na claridade, mas precisam de tocas para relaxar. Peixes de hábitos noturnos também não gostam de muita claridade, por exemplo, os Gobis, Synodontis, Dojôs, Cobras-Khuli, Ituís-Cavalo e alguns cascudos gostam de tocas para passar o dia. Certas coridoras, durante o dia, preferem a “sombra” de plantas e pedras, embora que todos eles “tolerem” luz. No caso das coridoras, até outro dia pensei que não ligavam para claridade, até o dia em que coloquei num aquário um pedaço de tijolo, e as coridoras entraram nos buracos, durante o dia. Claro, sem tocas nem sombra, as coridoras não vão morrer, mas sempre devemos pensar em melhorar a estadia dos peixes no aquário, mesmo que isso “prejudique” a sua visibilidade constante. Na natureza, elas vivem debaixo de folhas ou na lama e na vegetação das margens dos rios.
Já os neóns, entre outros tetras, vivem nas sombras dos igarapés e na água escurecida de matéria orgânica, desenvolveram uma faixa incandescente no corpo provavelmente porque vivem no escuro. O fato é que a luminosidade nos aquários deve ser controlada e equilibrada, imitando a luz natural, quer dizer, não se pode “esquecer” as lâmpadas ligadas por 15 ou 18 horas seguidas. A maioria das espécies, mesmo na natureza, não tolera ficar sob o sol forte por horas, buscando, assim, a proteção de árvores, aguapés, águas profundas e escuras, etc. É importante saber que os peixes também “descansam” durante a noite. Alguns ciclídeos, ainda, ficam em tocas em troncos, casca de côco, ou mesmo buracos de terra nas margens de rios e lagos, durante o dia. A conclusão que cheguei é que a maioria dos peixes se sente melhor com uma iluminação suave, com duração normal de um dia, entre 09 e 10 horas. Para o aquário, quem só dispõe de luz branca, deve abrandar a claridade compensando com um período menor de luz acesa, ou dispondo de troncos, plantas de folhas largas ou densas, e até flutuantes, bem como com substratos não tão brilhantes. Também quem tem aquário comprido, de 100cm ou mais, não precisa clarear o ambiente totalmente...pode deixar alguma parte com pouca iluminação. Ainda, é recomendado ter uma rotina de acender e apagar as luzes sempre no mesmo horário, e também deixar a luz da manhã entrar no ambiente algum tempo antes do acender das lâmpadas, para que a claridade não seja repentina, mas gradual. Se alguém puder relatar suas experiências sobre o tema, aqui no Fórum, será bem vindo.