Assistindo ontem um programa de Televisão sobre a Perca do Nilo, peixe predador gigantesco que se parece em tudo com o nosso Tucunaré, veio a preocupação de que o manejo e dispersão errados de espécies de peixes podem causar sérios acidentes ecológicos. As Percas, que viviam restritas na Etiópia e no Nilo, foram introduzidas em lagos africanos (Lago Vitória, Nasser, Turkana, etc) nos anos 50, e acabaram por se transformar em praga, criando um grave problema ecológico e social (já que diminuíram as possibilidades da fauna dos lagos, prejudicando quem vivia da pesca). No Lago Vitória, o maior na África, as Percas eliminaram mais de 200 espécies de peixes. Quem quiser ver esse peixe, seja pescado ou em aquários grandes, basta ir ao Youtube (busque: Nile Perch). A Perca pode atingir quase 2m de comprimento e mais de 200kg. A Perca, então, tem sido vista como uma “espécie invasora”.
Espécies invasoras são aquelas que foram introduzidas pelo homem (de modo voluntário ou acidental) em um habitat diferente do seu meio natural, e que se adaptaram tão bem no novo meio que se reproduziram o suficiente para desequilibrar o sistema, aniquilando até outras espécies locais. No Brasil, é bem conhecido a infestação da Tilápia nilótica em vários meios hídricos, que mesmo sendo bem aceita na alimentação de pessoas (até comercialmente, com os famosos filés de Tilápia), seu impacto ecológico não foi ainda bem estudado, ao menos em termos da divulgação da mídia. Outro peixe perigosíssimo como causador de desequilíbrios de fauna é o Tucunaré. Soltos aleatoriamente em açudes, barragens, rios e lagos, e sem predadores naturais para ele, passa praticamente a dominar no ambiente, tornando-se a única espécie de peixe ali. Por exemplo, no grande açude Castanhão, no Ceará, apenas se pesca Tucunarés. Isso nem sempre é o melhor.
Vejamos uma lista de peixes ditos “invasores” nas águas do Brasil:
Astronotus ocellatus Agassiz - Apaiari
Betta splendens Regan - Beta
Carassius auratus (Linnaeus) auratus. - Peixinho-dourado
Cichla monoculus Spix and Agassiz - Tucunaré
Cichla ocellaris Schneider - Tucunaré
Clarias gariepinus Scopoli - Bagre-africano
Colossoma macropomum Cuvier - Tambaqui
Ctenopharyngodon idella Valenciennes - Carpa-capim
Cyprinus carpio Linnaeus - Carpa
Hoplosternum littorale Hancock - Cascudo
Micropterus salmoides Lacepède - Achigã
Odontesthes bonariensis Valenciennes - Peixe-rei
Oncorhynchus mykiss Walbaum - Truta-arco-íris
Oreochromis sp. - Tilápia
Oreochromis macrochir Boulenger macrochir - Tilápia
Oreochromis mossambicus Peters - Tilápia
Oreochromis niloticus Linnaeus niloticus - Tilápia
Pachyurus bonariensis Steindachner - Corvina-de-rio
Plagioscion squamosissimus Heckel - Pescada do Piauí
Potamotrygon falkneri Castex & Maciel - Arraia-pintada
Potamotrygon motoro Müller and Henle - Arraia-de-fogo
Pygocentrus nattereri Kner - Piranha-vermelha
Trachelyopterus lucenai Bertoletti, Pezzi da Silva & Pereira - Porrudo
Trichogaster trichopterus Pallas - Tricogaster-azul
Para quase todas essas espécies, ver o excelente artigo: http://www.infoaqua.net/pt/bioinvasao-e ... aquaticas/" onclick="window.open(this.href);return false;
A grande Perca do Nilo:
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P.S: A presença dos Kinguios nessa lista, a meu ver, deve-se mais à sua introdução no Brasil, desde o Oriente, e por essa espécie ter se espalhado como o mais comum peixe de aquário que existe em nosso País (mesmo sendo um peixe de outra fauna). Não encontrei notícias sobre algum desequilíbrio causado pelos Kinguios, nem mesmo se há esses peixes em estado selvagem pelo Brasil. Talvez eles tenham sido soltos por aí, mas em meio da fauna tropical, eles não puderam se espalhar tanto, servindo de comida para predadores poderosos de nossos rios e lagos, como piranhas, traíras, bagres ou Tucunarés, entre outros. O artigo citado traz informações sobre os Kinguios "invasores".
A título de informação, Betas e Tricogasters já existem em forma selvagem, pelo menos no Nordeste, em alagados, lagoas e riachos, conforme pude presenciar.
As carpas, de seu lado, também viraram peixes selvagens, basta ver por exemplo, sua presença no Lago Paranoá, de Brasília, o qual elas dividem domínio com os Tucunarés. Segundo biólogos, elas comem as algas maléficas ao ambiente, ajudando a preservar a vida do lago. Soube que em Brasília já foram pescadas carpas de 20kg ou mais. Ver o vídeo:
[youtube]rmLxY9MkshM[/youtube]
Peixes Invasores
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- Katsuzo Koike
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Re: Peixes Invasores
Tudo isso é fruto da intervencão humana na natureza, muitas vezes destrutivamente para nós mesmos !
O homem de palavra fácil e personalidade agradável raras vezes é homem de bem (Confúcio)
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Re: Peixes Invasores
O Oscar (Astronotus ocellatus) não é brasileiro?
Marne Campos
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Re: Peixes Invasores
Olá, Marne, sem dúvida que é um peixe da Bacia amazônica brasileira, dos rios Solimões, Negro, etc., incluindo ainda Peru, Bolívia e Colômbia. Ocorre que por ser um peixe ornamental, tem sido levado para outros ambientes, como Nordeste e Sudeste. Esse é o perigo, pois ele é capaz de predar muitos peixes. Até pirarucu tem sido levado para SP....primeiro para centros de criação. O negócio é que se vazar para os rios, o que isso poderá causar? Abraço Koike
Veja essa notícia de um jornal de Recife: "Peixe-elétrico amazônico invade açudes do Estado"
(Publicado em 18.02.2011, no Jornal do Commercio. Fotos: Helia Scheppa/JC Imagem, 16.02.2011).
"O poraquê, peixe-elétrico nativo da Amazônia, está colonizando açudes e rios do Estado, podendo se tornar uma espécie invasora. O alerta é de equipe da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) que pesquisa o animal, com registros para Dois Irmãos (Zona Norte do Recife) e Cidade Universitária (Zona Oeste).
Um dos animais coletados está no Departamento de Fisiologia e Farmacologia. Mede 65 centímetros e se alimenta de peixes menores. O bicho foi capturado ano passado num açude do Parque Dois Irmãos, onde funciona o zoológico do Recife. O professor Valdir Luna lembra que a descarga elétrica do poraquê atinge 600 volts (a tensão de uma tomada elétrica residencial varia de 110 a 220 volts).
“Embora utilize a eletricidade para encontrar e imobilizar suas presas, ele pode, sim, provocar acidentes com seres humanos”, adverte Luna. Há registros, segundo o pesquisador, de uma morte ocorrida no zoológico. Dois anos atrás, pescadores que confundiram o peixe-elétrico com um muçum em Paulista, Norte do Grande Recife, levaram um choque e foram socorridos por uma ambulância do Samu.
Em 23 de setembro de 2009, seguranças encontraram um exemplar morto no trecho do Riacho do Cavouco que corta o câmpus da UFPE. A professora do Departamento de Oceanografia Elisabeth Araújo enterrou o peixe para estudar o esqueleto. Na quarta (16), retirou e limpou os ossos.
A pesquisadora pretende estimar a idade do animal a partir do estudo da ossada, que será montada para exposição. “Com a análise genética poderemos confirmar se trata-se da espécie que ocorre na Amazônia”, diz Elisabeth.
Segundo a professora, o peixe tem 90% de seu corpo composto por músculos. Alcança 2,5 metros e 30 quilos. A nadadeira dorsal se estende ao longo do corpo, que serpenteia para se locomover na água. Em tupi, poraquê significa “o que faz dormir” ou “o que entorpece.” É lento, nada pouco e passa mais tempo repousando no fundo. A cada intervalo de aproximadamente trinta minutos, entretanto, o poraquê precisa subir à tona para respirar. “Ele absorve o oxigênio da água pela boca, mas expele o gás carbônico pela pele”, ensina Valdir Luna.
O biólogo Tarciso Leão, integrante de equipe que em 2009 elaborou a lista de espécies invasoras de Pernambuco, informa que o poraquê - Electrophorus electricus para os cientistas – não faz parte da relação. Também não consta no levantamento do Instituto Hórus, entidade com sede em Florianópolis (SC) especializada no assunto.
“Embora seja nativa na região Norte do Brasil, em Pernambuco é uma espécie exótica”, destaca. Dos 48 tipos de animais potencialmente invasores no Estado constantes na lista de 2009, revela Tarciso, oito são peixes de água doce. “Entre as principais estão a tilápia e o tucunaré”, afirma.
Para saber se um animal é invasor, ensina o biólogo, é preciso fazer estudo populacional. “A espécie precisa estar se reproduzindo e formar uma população viável no Estado, ou seja, ter dado origem a mais de uma geração.”
Digo que o Poraquê já existe na fauna de Pernambuco há muitos anos, embora não tenha se espalhado tanto, a ponto de ser tão notado. Ele não aparece nas listas pois nunca houve, creio, um trabalho de captura nos rios e lagos da Zona da Mata pernambucana dessa espécie (principalmente nas áreas indicadas na reportagem). Na cheia de 1975, em Recife, meu pai conseguiu dois poraquês de mais de metro, que viveram anos na Univ. Rural, em um tanque raso de uns 1000L. Também há muitas histórias de choques, basta perguntar a moradores ribeirinhos, embora os casos sejam raros. Detalhe: eu mesmo, quando criança, visitava a Univ. Rural, e vi esses dois imensos poraquês. Um dia, arranquei um capim verde e comprido, e toquei em um deles, e o choque não foi pequeno...parecia que havia tocado em uma geladeira velha...só pegou até o braço. Koike
Poraquês [Foto da Web: Piauí sem Censura.com]:
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Veja essa notícia de um jornal de Recife: "Peixe-elétrico amazônico invade açudes do Estado"
(Publicado em 18.02.2011, no Jornal do Commercio. Fotos: Helia Scheppa/JC Imagem, 16.02.2011).
"O poraquê, peixe-elétrico nativo da Amazônia, está colonizando açudes e rios do Estado, podendo se tornar uma espécie invasora. O alerta é de equipe da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) que pesquisa o animal, com registros para Dois Irmãos (Zona Norte do Recife) e Cidade Universitária (Zona Oeste).
Um dos animais coletados está no Departamento de Fisiologia e Farmacologia. Mede 65 centímetros e se alimenta de peixes menores. O bicho foi capturado ano passado num açude do Parque Dois Irmãos, onde funciona o zoológico do Recife. O professor Valdir Luna lembra que a descarga elétrica do poraquê atinge 600 volts (a tensão de uma tomada elétrica residencial varia de 110 a 220 volts).
“Embora utilize a eletricidade para encontrar e imobilizar suas presas, ele pode, sim, provocar acidentes com seres humanos”, adverte Luna. Há registros, segundo o pesquisador, de uma morte ocorrida no zoológico. Dois anos atrás, pescadores que confundiram o peixe-elétrico com um muçum em Paulista, Norte do Grande Recife, levaram um choque e foram socorridos por uma ambulância do Samu.
Em 23 de setembro de 2009, seguranças encontraram um exemplar morto no trecho do Riacho do Cavouco que corta o câmpus da UFPE. A professora do Departamento de Oceanografia Elisabeth Araújo enterrou o peixe para estudar o esqueleto. Na quarta (16), retirou e limpou os ossos.
A pesquisadora pretende estimar a idade do animal a partir do estudo da ossada, que será montada para exposição. “Com a análise genética poderemos confirmar se trata-se da espécie que ocorre na Amazônia”, diz Elisabeth.
Segundo a professora, o peixe tem 90% de seu corpo composto por músculos. Alcança 2,5 metros e 30 quilos. A nadadeira dorsal se estende ao longo do corpo, que serpenteia para se locomover na água. Em tupi, poraquê significa “o que faz dormir” ou “o que entorpece.” É lento, nada pouco e passa mais tempo repousando no fundo. A cada intervalo de aproximadamente trinta minutos, entretanto, o poraquê precisa subir à tona para respirar. “Ele absorve o oxigênio da água pela boca, mas expele o gás carbônico pela pele”, ensina Valdir Luna.
O biólogo Tarciso Leão, integrante de equipe que em 2009 elaborou a lista de espécies invasoras de Pernambuco, informa que o poraquê - Electrophorus electricus para os cientistas – não faz parte da relação. Também não consta no levantamento do Instituto Hórus, entidade com sede em Florianópolis (SC) especializada no assunto.
“Embora seja nativa na região Norte do Brasil, em Pernambuco é uma espécie exótica”, destaca. Dos 48 tipos de animais potencialmente invasores no Estado constantes na lista de 2009, revela Tarciso, oito são peixes de água doce. “Entre as principais estão a tilápia e o tucunaré”, afirma.
Para saber se um animal é invasor, ensina o biólogo, é preciso fazer estudo populacional. “A espécie precisa estar se reproduzindo e formar uma população viável no Estado, ou seja, ter dado origem a mais de uma geração.”
Digo que o Poraquê já existe na fauna de Pernambuco há muitos anos, embora não tenha se espalhado tanto, a ponto de ser tão notado. Ele não aparece nas listas pois nunca houve, creio, um trabalho de captura nos rios e lagos da Zona da Mata pernambucana dessa espécie (principalmente nas áreas indicadas na reportagem). Na cheia de 1975, em Recife, meu pai conseguiu dois poraquês de mais de metro, que viveram anos na Univ. Rural, em um tanque raso de uns 1000L. Também há muitas histórias de choques, basta perguntar a moradores ribeirinhos, embora os casos sejam raros. Detalhe: eu mesmo, quando criança, visitava a Univ. Rural, e vi esses dois imensos poraquês. Um dia, arranquei um capim verde e comprido, e toquei em um deles, e o choque não foi pequeno...parecia que havia tocado em uma geladeira velha...só pegou até o braço. Koike
Poraquês [Foto da Web: Piauí sem Censura.com]:
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