Acredito que a primeira dúvida seja quanto a vazão do filtro. No geral, um bom sistema de filtragem deve ter uma vazão de 5 a 10 vezes a capacidade do aquário em litros por hora. Essa é a regra, mas como toda regra não é absoluta.
Aquários de kinguios, por exemplo, devem ter uma filtragem mais forte, pois estes peixes tem o metabolismo bem acelerado, gerando maior quantidade de dejetos na água, pedindo, desta forma, uma filtragem mais dimensionada.
Sendo assim, ao escolher a vazão de um filtro não devemos levar em conta somente o volume do aquário, mas também a fauna que irá habitá-lo. No entanto, para a grande maioria dos aquários, uma filtragem de 5 a 10 vezes o volume será ideal.
O sistema de filtragem deve conter três estágios:
A) Filtragem Mecânica: Esta é a etapa da filtragem na qual retêm-se partículas em suspensão na água. Eu costumo utilizar a filtragem mecânica no primeiro estágio dos meus sistemas de filtragem, deixando a água mais limpa para os próximos estágios. As mídias mais utilizadas para filtragem mecânica são as espumas e o pérlon, facilmente encontrados em qualquer loja de aquários, sendo certo que a espuma também é uma ótima mídia biológica. Ambas precisam ser limpas ou trocadas de vez em quando. Eu sempre limpo a espuma dos meus filtros durante a TPA, utilizando a própria água do aquário para enxaguá-las. Já o pérlon eu simplesmente troco, descartando o usado.
Exemplo de mídia mecânica:
Pérlon:
B) Filtragem Química: Esta etapa da filtragem elimina substâncias a nível molecular, substâncias estas que não são retidas pela filtragem mecânica. A filtragem química é feita por meio do carvão ativado e resinas próprias para tirar amônia, nitrato, fosfato, dentre outros. Atualmente o mercado está cheio delas. É vital a utilização de mídias de boa qualidade. Tais mídias saturam com o tempo, sendo necessária sua troca ou regeneração, lembrando que o carvão ativado não suporta regeneração, devendo ser trocado periodicamente.
Alguns exemplos de mídias químicas:
Carvão ativado
Resina anti-amônia:
C) Filtragem Biológica: A filtragem biológica é feita por bactérias que habitam o vidro, substrato, plantas, água, enfim, todo o aquário. Primeiramente as bactérias nitrosomonas transformam a amônia, decorrente dos dejetos dos peixes e do excesso de comida, em nitrito. Após, as bactérias nitrospiras transformam o nitrito em nitrato, o qual é menos tóxico para os peixes. O nitrato por sua vez não é sintetizado por nenhuma bactéria, sendo retirado do aquário através das trocas parciais de água. Apesar das bactérias se firmarem por todo o aquário, é interessante manter uma boa colônia no filtro, através de mídias biológicas, como anéis de cerâmica e bio-balls. É importante lembrar que para ter sucesso na filtragem biológica, se faz necessário fazer a ciclagem do aquário de forma correta. Caso seja necessário limpar as mídias biológicas, utilizar a própria água do aquário, mantendo-as sempre molhadas, sob pena de acabar com a colônia de bactérias.
Alguns exemplos de mídias biológicas:
Anéis de cerâmica
Bio-balls
Ordem de filtragem: 1º Filtragem Mecânica; 2º Filtragem Química; 3º Filtragem Biológica.
Essa é a ordem que eu costumo utilizar, mas também não é regra. Tem quem coloque filtragem biológica no primeiro estágio, no primeiro e no último. O ideal é que o filtro tenha esses três tipos de filtragem e que os três funcionem corretamente.
Existem diversos tipos de filtros disponíveis no mercado, sendo que os mais comuns são:
A) Filtro Biológico de Fundo (FBF): Filtragem ultrapassada, cada vez menos usada aqui no Brasil. A utilização desse filtro consiste na colocação de placas sob o substrato que, através de uma bomba submersa, geram uma grande oxigenação no cascalho, fazendo com que mais bactérias ali se fixem. Como o próprio nome diz, ele faz apenas a filtragem biológica.
B) Filtros Externos Traseiro: É o filtro mais utilizado e o melhor custo benefício. É pendurado na parte traseira do aquário. Possui filtragem química, mecânica e biológica. A água é bombeada para dentro do filtro e após passar pelos elementos filtrantes retorna ao aquário, geralmente como uma pequena cascata. Se o nível do aquário estiver muito abaixo do filtro, gera grande turbulência na água, o que pode incomodar algumas espécies de peixes.
C) Filtros Internos: Semelhantes aos filtros de pendurar, no entanto são usados dentro do aquário, acoplados a uma bomba submersa. Ela fará com que a água passe pelo filtro efetuando a filtragem de acordo com a mídia usada. Seu inconveniente é a ocupação de espaço interno do aquário.
D) Filtros Canister:
Se não é o melhor, é um dos melhores filtros a serem utilizados. Tem amplo espaço para mídias filtrantes, o que torna sua filtragem excelente. Muito utilizados em aquários plantados, uma vez que não provocam muita turbulência na água, além de não interferirem no paisagismo, uma vez que deixa o interior do aquário livre. No entanto, ainda tem um preço elevado se comparado aos filtros externos traseiros.
E) Filtros de Areia Fluidizada: Este é um ótimo filtro biológico. Consistem em uma bomba, acompanhada de um pré-filtro (que visa evitar que partículas em suspensão entrem no filtro), acoplada a um compartimento que possui uma areia especial que propicia a formação de uma grande colônia de bactérias. Este tipo de filtro é muito utilizado em lojas para a filtragem biológica em baterias.
F) Filtros Sump: Trata-se de um aquário reservatório adicional onde à água do aquário principal é coletada através da gravidade. No aquário reservatório a água passa por várias mídias filtrantes. Após, a água já tratada retorna ao aquário principal com o auxílio de uma bomba submersa. O volume de água do aquário reservatório deverá ser no mínimo de 20% do total do aquário principal.
G) Filtros Deionizadores: Este filtro se baseia na absorção de íons (que podem ser catiônicos e aniônicos) dissolvidos na água através de resinas especiais que tem como objetivo obter água livre de impurezas químicas. Dependendo da resina utilizada, o PH da água poderá sofrer alterações. Filtro muito utilizado na manutenção de aquários marinhos.
H) Filtros por Osmose Reversa: Através desse filtro se obtém água com um grau elevado de pureza. Neste filtro a água é forçada a atravessar uma membrana com poros muito pequenos, nos quais só passam moléculas de água. Praticamente todas as impurezas são eliminadas. Seu grande problema é o desperdício de água. A cada 300 litros de água que entra no filtro, apenas 100 litros sai filtrada.
I) Filtro UV: O filtro UV atua somente no combate às algas. Funciona através da circulação da água em um recipiente onde está localizada uma lâmpada que emite raios ultravioletas que destroem o DNA das algas, eliminando-as. Recomendo sua utilização apenas quando surgir um surto de algas.
Agora que você já conhece a maioria dos filtros e suas características, chegou a hora de escolher o seu. Na lojas e na internet existem muitas opções de marcas e preços. Recomendo a aquisição de filtros que tenham peças para reposição disponíveis, afinal, do que adianta você comprar um filtro legal, mas descartável?
Pergunte sempre ao vendedor se existem peças de reposição (como impellers e bombas) e refis de elementos filtrantes, afinal, você terá que trocá-los periodicamente.
Bom é isso. Essas são apenas noções básicas sobre o processo de filtragem em aquários, visando uma introdução ao tema.
Finalmente, o mais importante: O principal filtro do aquário é o aquarista! Não adianta adquirir o melhor sistema de filtragem e superpopular o aquário, dar comida em excesso ou não fazer a correta manutenção.
Somente garantiremos a melhor qualidade de água em nosso pequeno mundo aliando o bom sistema de filtragem com uma correta manutenção do aquário.
Abraços.
