Reprodução do Barbo Schwanenfeldi

[Katsuzo Koike]

Gostaria de compartilhar informações sobre uma espécie de ciprinídeo que habita os rios e lagos do Sudoeste asiático, o Barbo Schwanenfeldi, e que tem ganhado espaço nas lojas de aquário do Brasil. Sem dúvida, esse é um dos meus peixes favoritos! Tive a feliz experiência de criar cinco desses extraordinários barbos por quase cinco anos, em um grande lago de jardim com 11mil litros d´água, que foi cheio com metade de água de poço, metade coletada da chuva. O Schwanenfeldi é um dos maiores barbos existentes, e sua beleza é de impressionar. Quanto mais crescem, mais bonitos ficam, alcançando até cerca de 40 cm. Por isso, digo que não seja uma espécie adequada para aquários caseiros de médio porte, embora tenha visto cenas no YouTube onde são criados em aquários gigantes, muito bem adaptados. Tem gente que coloca vários deles em aquários de 250 L, e como crescem rápido demais, muito bagunceiros e agitados, o aquarista desavisado termina tendo que doar ou solta-los em algum viveiro maior. Comprei os meus com cerca de 5cm, e logo alcançaram quase 30cm. Eram reluzentes, com a sua cauda laranja escuro. Também já soube que eles servem de atração em muitos lagos de parque da Indonésia, Malásia e Tailândia, onde as pessoas os alimentam com pipoca e pão. Adoram nadar em cardume, e precisam de espaço livre para se deslocar, bem rápido. O Schwanenfeldi não é carnívoro, mas herbívoro, embora possa devorar tudo por onde passa, desde plantas, pequenos crustáceos, vermes, alevinos, lodo. Para amenizar o apetite dos meus (fora a ração diária, e vez ou outra artêmia seca), eu colocava dia sim, dia não, um pé inteiro de alface comum lavado, amarrado pela raiz a uma pedra. No fim do dia, eu retirava apenas o talo da raiz do fundo do tanque. Também recordo que toda semana eu colocava meio mamão papaia maduro, com semente e tudo, também fixado em uma pedra. Em poucas horas, eu voltava para retirar a casca e a pedra. Muitos aquaristas os colocam em tanques apenas com troncos e pedras...eles devem sofrer um pouco de monotonia, já que adoram comer vegetais, que vivem procurando. Dizem que são peixes saltadores, mas os meus nunca pularam do tanque, nem quando este transbordou de noite, após um grande temporal (a saída de nível d´água entupiu de plantas). Ele vive bem com espécies jumbos, como os caracídeos e outros ciprinídeos grandes. Os meus viviam com balasharks, chalceus, tetras, lábeos bicolor, carpas, entre outras espécies. De experiência própria, eles são peixes resistentes a doenças. Meu tanque era metade coberto com aguapés de açude, e tinha muitas plantas aquáticas plantadas no fundo, como valisnéria, anubias, elódeas, entre outras. A água era clara, pois fiz um sistema de circulação com uma bomba comum, e sempre limpava o fundo com sifão. Coloquei aqueles pequenos camarões transparentes, que se multiplicaram muito, e também havia centenas de tanichtys albonubes. Meu tanque era quase um ambiente “selvagem”, e os peixes eram bem saudáveis. O Barbo Tinfoil, como é chamado em inglês, ou Lampan, seu nome no Sudoeste asiático, é um alimento apreciado em sua região, e já vi isso na Web, em fotos de pescaria pela Ásia. Lá os ribeirinhos e turistas pescam espécies grandes como o Barbo de Java (igual ao Tinfoil, mas sem o laranja das nadadeiras), o comprido Barbo Hoeveni (Leptobarbus) (parece uma carpa capim), o Kelah (parecido com um Balashark, mas maior e sem a cauda negra), o Schwanenfeldi, vários tipos de pangasius e a carpa gigante siamesa. Ruim é que muitas dessas espécies estão se tornando raras. No campo, os schwanenfeldi vivem nos canais do arrozal, bem como em lagos e rios. Eles também invadem os campos alagados, no período de chuva na Ásia, onde acham muito alimento verde. Por ser um peixe de médio porte ou grande demais para aquários, dificilmente se reproduziria em tais condições. Há relatos de reprodução incompleta, em alguns sítios da Web, sem fecundação, em tanques de mais de mil litros. A maioria das fontes dizem que para sua reprodução, eles precisam de grandes lagos, embora pouco de esclareça sobre os processos envolvidos na sua procriação. É fácil saber quem é o macho ou a fêmea, depois que passam dos 25 cm. A fêmea é mais curta no tamanho, inclusive a cauda, e mais cheia no abdômen (arredondado). Os machos são mais inquietos e magros, e o rabo mais alongado. Nunca soube, nem li sobre sucesso de reprodução desses barbos em águas paradas, nem mesmo em lagos ou açudes. Uma experiência no Havaí condicionou um grupo desses peixes em uma piscina de 25 mil litros, mas depois que cresceram, fizeram algumas reproduções induzidas. Sua reprodução comercial, como no caso do Balashark, é conseguida pelo método artificial de estimulação hormonal, com uso de aplicação de hormônio extraído da hipófise de carpas. Dizem que podem tirar entre 2000 a 5000 ovos. Na natureza, a fêmea espalha os ovos e o macho passa para fertilizá-los. Não cuidam da cria. Eu tinha a esperança que os meus reproduzissem naturalmente, mesmo sabendo das limitações da água parada. Mas ao ter que fazer uma reforma no lago em 2006 (pois estava vazando), retirei todos os peixes. Os barbos ficaram em dois tanques, um de 450L e outro de 1000L (caixa d´água). Após alguns dias, sem a reforma ser concluída, terminei perdendo todos eles, incluindo meus balasharks grandes com muito pesar. Ainda tentei recuperá-los, creio eu, da falta de oxigenação, mas não consegui, infelizmente. Tive a curiosidade de saber se as fêmeas estavam ovadas. Estavam cheias de ovas! Nenhum balashark tinha ova. Por fim, as paredes do tanque estavam tão cheias de rachaduras que o melhor foi mesmo desfazer o lago! Nunca saberei se desovariam...pretendo tentar reproduzir essa espécie outra vez, quem sabe, com mais sucesso e cuidado. Se alguém souber de alguma nota interessante sobre esses barbos, favor publicar!

Vejam essa imagem, da Wikipedia:

http://img97.imageshack.us/i/800pxtinfoilbarbs01.jpg/][/URL]