Pense grande. Nas lojas, quando olhamos estes peixes com 5 ou 6 cm, já os imaginamos (levamos 3 ou 4?) em um aquário de 40 litros (que exagero!). Pense que eles são bebês, em torno de 6 meses de idade. Pense que estes bebês fofos se transformarão em adultos obesos. Pense em, no mínimo, 20 cm e uma década de vida.
Um parâmetro que considero confortável: 100 litros para o primeiro kinguio e 40 litros a mais para cada kinguio subseqüente. Lembre que eles não necessitam apenas caber no aquário, mas nadar nele. Priorize sempre o comprimento. #1
Quanto mais, melhor. Isto é o que devemos ter em mente com relação à filtragem. Prefira canister ou sump, muito espaço para mídias. Um ou mesmo dois filtros hang on, por melhores que sejam (e eu os considero bons) não dão conta de um aquário de kinguios. Invista de boa vontade neste item e poupe-se de problemas futuros.
Peixe de água fria. Então não precisa de aquecedor com termostato! Precisa sim. É importante evitar variações bruscas e acentuadas de temperatura. Isto pode ser o gatilho para determinadas doenças. Com relação ao intervalo de conforto, a citação usual é de 18 a 22oC Particularmente, elevo este intervalo em 2oC, 20 a 24oC.
Temperaturas baixas desaceleram o metabolismo e o peixe fica em um estado letárgico, normalmente parado no fundo do aquário. Temperaturas altas aceleram o metabolismo, deixando-os mais agitados e esfomeados também. Outra coisa: quanto mais alta a temperatura, menor a quantidade de oxigênio dissolvido na água, o que não é bom para kinguios. #2
Companheiros da mesma espécie. Bom atentar para alguns detalhes. Kinguios de corpo alongado (como o comum e o cometa) possuem nado mais ágil e tamanho maior que kinguios de corpo ovóide. Telescópios têm capacidade visual reduzida, então observe se eles estão se alimentando bem. E na decoração evite ornamentos com pontas agudas. Sempre há a possibilidade de olhos feridos, bolhas estouradas e perda de algumas escamas.
Companheiros de outras espécies. A melhor orientação sobre este item é a seguinte: vão aos fóruns. Leiam todos os tópicos que encontrarem sobre kinguios convivendo com outros peixes. Atendo-se apenas à fichas técnicas encontramos várias espécies que vivem em parâmetros de água similares aos kinguios, com comportamento pacífico e indicadas para comunitários, mas é no fórum que aprendemos que comedores de algas grudam nos kinguios para se alimentarem do muco que eles produzem, ou que colisas costumam mordiscar suas caudas até ocasionar estragos consideráveis. Observe a experiência de outros aquaristas e façam suas escolhas.
Cardápio. Algumas informações básicas. Kinguios são onívoros, alimentam-se tanto de proteína animal quanto vegetal, mas basicamente são vegetarianos. Seu sistema digestivo é simplificado, não possuem estômago. Em função disto a assimilação de alimentos é reduzida e a quantidade de excrementos aumentada.
Ofereça à eles rações específicas para a espécie, preferencialmente aquelas que afundam. Variem o cardápio. Ervilhas in natura cozidas, sem casca, em metades ou pedaços menores, conforme o tamanho dos kinguios; brócolis e couve-flor também cozidos; espinafre amolecido no microondas ou água quente; plantas flutuantes como lentilha d’água e salvínia; estas são algumas opções. Atenção aos alimentos vivos: kinguios não digerem gorduras, acumulando-as no organismo. Informem-se sobre o teor de gordura do alimento oferecido. #3
Plantas. É possível? Sim. É fácil? Não. Mas considero-as fundamentais, simplesmente porque melhoram a qualidade da água em que nossos peixes vivem. Tenham em mente que para um kinguio planta é sinônimo de refeição. E certamente eles verificarão se é possível comê-la. Respire fundo e aguarde por folhas mordidas, picotadas, caules cortados, plantas desenterradas, e nem sempre a planta que “dá certo” em um aquário sobrevive em outro. Já vi um aquário de kinguios cheio de elódeas lindas e enormes. No meu, esta planta é café da manhã, almoço e jantar.
Basicamente tudo se resume a tentativa-erro-persistência, mas vale a pena. Possibilidades: rabo-de-raposa, anúbias, higrófilas, musgo-de-java, acórum, samambaia-de-java.
Veias vermelhas, caudas se desmanchando, olhos nublados, entre outras coisas. Que remédio aplico? O melhor de todos eles: água boa. De maneira muito simples, quando a água é ruim, com índices altos de amônia e/ou nitritos, ou mesmo nitratos que causam malefício menor, a imunidade dos peixes cai. Esta imunodepressão abre as portas para diversas doenças oportunistas, que não acometeriam os peixes se a qualidade da água fosse boa.
Causas da má qualidade da água: superpopulação, alimentação exagerada ou com rações de baixa qualidade, filtragem sub-dimensionada, sifonagem mal feita, muito tempo entre uma e outra troca parcial de água.
Situação muito comum é transferir um kinguio com algum destes sintomas para um aquário-hospital e tratá-lo com medicamento adequado. Então ele se recupera e é recolocado no aquário principal. Se a qualidade da água é ruim, em pouco tempo o peixe estará novamente doente, e volta-se ao ciclo hospital-tratamento-melhora-aquário principal-recaída... Água boa e adequada para a fauna que se tem é essencial para peixes sadios. #4
Vesícula gasosa. Anteriormente chamada bexiga natatória, é o órgão responsável pela manutenção do equilíbrio do peixe. Quando a vesícula gasosa não funciona adequadamente, há dificuldade na manutenção da flutuabilidade e equilíbrio durante a natação. Causas muito comuns deste problema são a má qualidade da água e alimentação exclusivamente seca.
Resolve-se como? Água boa, cardápio variado (ervilha é muito recomendada) e outra forma de oferecer ração. Em lugar de simplesmente jogá-la no aquário deixe-a um ou dois minutinhos de molho em um recipiente com a própria água do aquário. Cuidados simples que resolvem boa parte dos casos. #5
Bons aquários e kinguios saudáveis para vocês!
Leituras recomendadas:
#2 Elgoldfish - La temperatura del acuario
#3 NaturePlanet - Alimentação e Nutrição de Peixes
#5 Elgoldfish.com - La Vejiga Natatoria