Já tive minha cota de cães e gatos. Comprado, doado, recolhido na rua, adulto, filhote que você vê crescer e envelhecer. Se ocorria algum acidente ou surgia uma doença lá ia eu levar o bichinho para a clínica veterinária, provendo (afinal, quem tem precisa cuidar) tudo aquilo que fosse necessário para sua recuperação, e nem sempre a conta era barata. De qualquer forma, a maioria das pessoas não pensa nem uma segunda vez na hora de bancar esta despesa quando o animal em questão é um cão ou gato, mas e quando é um peixe?
Algumas pessoas continuam não precisando pensar uma segunda vez. Lembram do George? George é um kinguio que foi notícia em 2014 quando estava com dez anos e seus donos optaram por bancar uma cirurgia (realizada no Lort Smith Animal Hospital em Melbourne, Austrália) para extração de um tumor. Em janeiro de 2016 o kinguio da vez foi Gold (oito anos), que vive no Laboratório de Ictiologia da UPF. Ele também passou por uma cirurgia de extração de tumor no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo (RS), procedimento com um custo estimado em R$ 1.500,00.
Dos Estados Unidos (março deste ano) temos a história de Mr. Hot Wing (novamente um kinguio) que nasceu sem a mandíbula, o que lhe causava extrema dificuldade para se alimentar e respirar. Seu dono optou pela colocação de uma órtese na tentativa de melhorar a qualidade de vida do peixe. O procedimento foi realizado na Lehigh Valley Veterinary Dermatology (Allenstown, Pensilvania) a um custo de US$ 150.
Agora chega a história de Conquer, levado por sua dona para uma consulta de emergência no Brisbane Bird and Exotics Veterinary Services em Brisbane (Austrália), engasgado com um cascalho de rio. Ela - também sem pensar duas vezes - pagou uma conta de AU$ 500 pela consulta, sedação, extração da pedra e um pernoite. O kinguio merecedor de todo este cuidado foi comprado há um ano e custou AU$ 12. “Se você faria isto por seu cão, por que não por um peixe?”, pergunta Emma Marsh, dona do kinguio.
Por aqui, infelizmente não temos a disponibilidade da clínica ou hospital veterinário para levarmos nosso peixe, mesmo estando dispostos a pagar o preço. Se surge uma doença ou acontece um acidente partimos para a pesquisa e contamos com o auxílio de colegas aquaristas que possuem experiência e conhecimento maiores que os nossos. Investimos no aquário hospital, em medicamentos, na expectativa da recuperação. Fazemos o melhor dentro das possibilidades que temos para que nosso pet de nadadeiras volte a ter uma vida saudável. Nas palavras de Michelli de Ataíde, professora do curso de Medicina Veterinária da UPF, “Independente de ser um peixe, ele sente dor, tem necessidade de cuidados básicos e cuidados médicos quando necessário. Quem possui um peixe como animal de estimação necessita ter essa percepção”. Quanto vale a vida de seu peixe?