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conservação,

  • Abrolhos Sky Watch do LARAMG/UerjEstima-se que a "onda de lama" criada pelo desastre ambiental de responsabilidade da empresa Samarco, chegue à costa do Espírito Santo ainda hoje 20 de Novembro de 2015 e para agravar ainda mais a situação, a possibilidade que essa matéria carregada de minérios, apesar da distância, atinja o Banco de Abrolhos, a maior reserva de corais do Atlântico Sul, já começa a ser cogitada.

    Não se sabe ao certo os efeitos que dessas concentrações de minérios podem ter sobre a vida marinha, porém estudos indicam uma relação com a ocorrência de tumores em tartarugas marinhas, além da prejudicar sensivelmente o desenvolvimentos dos corais. Danos causados em recifes de corais, significam danos consideráveis à toda vida marinha que habita a região, já que os recifes de corais são o habitat de milhares de peixes e seres de menor porte, que por sua vez servem de alimento para animais marinhos maiores.

    Para entender um pouco dos problemas causados, além do acúmulo de metais em concetrações acima das encontradas e saudáveis para os animais marinhos, a matéria orgânica transportada poderia causar o desenvolvimento excessivo de algas, o que teria consequências sérias para os corais e toda a vida mariha da região.

    Fonte: Projeto Coral Vivo.

  • Flávio Freitas com o certificado de primeiro colocadoVocê já ouviu falar sobre aquários de biótopos ou sabe o que significa? Esse tipo de aquário, que não costuma ser a atração da sala de estar da maioria dos aquaristas, possui um número considerável de adeptos lá fora e vem ganhando força no Brasil nos últimos anos. A intenção nesse tipo de montagem é reproduzir um biótopo natural, os mais populares até então eram os aquários de ciclídeos africanos, que com um pouco de pesquisa, aprende-se facilmente a reproduzir uma região do lago Malawi ou Tanganyika, porém há outras possibilidades, entre elas, as mais famosas são os biótopos amazônicos. Esse biótopo é um dos mais divulgados pelos aquaristas, porém pouca gente segue ao pé da letra na hora da escolha da fauna, flora e até dos parâmetros da água, montando na verdade um aquário temático, erroneamente referenciado como biótopo pelo próprio aquarista. Se você tem um aquário com algumas plantas do gênero Echinodorus e meia dúzia de Acarás Bandeira, não necessariamente você tem um biótopo amazônico, sinto decepcioná-lo.

    O aquarista Flávio Henard Jorge de Freitas, levou isso a sério e no final do ano passado conquistou o lugar mais alto da categoria Biótopos Sul-Americanos no concurdo Biotope Aquarium Design Contest, realizado na Rússia, o mais famoso do gênero atualmente.

    Flávio, que é membro do grupo GCAqua (Grupo Carioca de Aquapaisagismo), tem razoável experiência com aquapaisagismo em aquários plantados, onde se montam aquários belíssimos, nada parecidos com o que encontramos na natureza, porém esses sim, a atração principal na sala dos aquaristas pela beleza de cores, formas e o encantamento que exercem até sobre os mais leigos no assunto. Em 2014 ficou entre os 10 melhores no Concurso Brasileiro de Aquapaisagismo [CBAP] com um belíssimo aquário de 54 litros, porém o estudo sobre o biótopo amazônico que pretendia reproduzir em outro aquário já havia começado, ainda sem pretensão nenhuma de competir, o que só aconteceu em 2015.

    Na categoria em que participou, Biótopos Sul-Americanos, Flávio competiu com aquaristas russos, holandeses, poloneses, romenos, indianos, gregos, argentinos, estadunidenses, além de outros brasileiros, carregando o peso de ser um representante do Brasil, país conhecido por ter a maior fração da Bacia Amazônica, região mais explorada em sua categoria e a qual optou por pesquisar para montar o aquário com o qual competiu. Além de Flávio, o aquarista brasileiro Bruno Garcia dos Santos, conquistou a 9a posição da mesma categoria com um biótopo do sudeste brasileiro, mais especificamente o rio Itaim da Bacia do Rio Paraíba do Sul. Os aquários do concurso, tanto da categoria Biótopos Sul-Americanos como das demais categorias podem ser vistos na página oficial do Biotope Aquarium Design Contest 2015.

  • Foz do Amazonas e camada de lama despejada no Oceano AtlânticoQuando a gente acha que a espécie humana já conhece bem o nosso planeta, a natureza vem e mostra que não conhecemos quase nada! A notícia sobre a descoberta, ou melhor, a confirmação de recifes de corais ao longo da foz do Rio Amazonas foi destaque em vários jornais e sites de pesquisa científica nas últimas horas e realmente é uma notícia muito interessante, deixando o excesso de sensacionalismo que alguns canais de notícia utilizaram, é claro.

    A primeira coisa que precisamos entender é o que realmente se confirmou e eu uso a expressão "confirmou" pois pelo que ficou claro, já se suspeitava da existência de alguns dos animais encontrados nessa região desde a década de 70, através de relatos de pescadores e até de um mapa da região que tentava mostrar onde seria possível encontrar peixes bastante coloridos, além de corais e esponjas. Ninguém encontrou um recife de corais daqueles que vemos fotos em água caribenhas no meio do leito do Rio Amazonas, a região de estudo é a Foz, aquela parte onde o rio encontra com o oceano e despeja suas águas. "Ah, mas então não tem novidade alguma, meu primo mora no litoral e tem um riozinho que desagua na praia, onde encontramos vários peixes e invertebrados de água salgada a alguns metros da praia". Vamos com calma, estamos falando do Rio Amazonas, onde um quinto de toda a água doce que "escorre" dos rios para o oceano passa por ali, então imagine a força dessas águas e por quantos quilômetros ela é capaz de alterar as condições da região, ou seja, o quanto a água daquela região se torna diferente da água do Caribe, de Fernando de Noronha ou dos locais onde encontramos recifes dessa magnitude. Só isso já seria motivo para a surpresa ao se encontrar corais na região, pois é quase uma ilha (de alguns quilômetros) de água doce em meio a um oceano de água salgada, como se o Rio Amazonas e suas águas doce entrassem mar a dentro por uns bons quilômetros, até irem se tornando salobras e finalmente salgadas como o oceano que as recebe.

    Representação gráfica do recife

    Interessante, não? Porém tem mais! Se você está lendo esse texto, há uma grande chance de ser aquarista, assim como eu, afinal esse é um site de aquarismo. Como aquarista você sabe que aquários com corais, ou reefs, possuem uma grande demanda por iluminação e não é porque os aquaristas gostam de pagar altas contas de energia, mas porque os corais, em sua maioria, vivem em simbiose com algas que utilizam essa luz para realizar a fotossíntese e "alimentar os corais", sem luz suficiente essas algas morreriam e os corais também. Agora imagine aquela imensidão de água doce entrando mar a dentro no oceano e levando consigo toneladas de terra, lama, galhos enfim, tudo quanto é material que deixa a água mais escura, diminuindo radicalmente a passagem de luz para essas algas.

    Agora sim, acho que ficou mais fácil entender porque essa notícia recebeu tanto destaque!

    O que se sabe até agora é que os corais encontrados não são as mesmas espécies dos corais mais explorados comercialmente no aquarismo ou da imagem que nos vem à cabeça quando pensamos em um ambiente desses. Dependendo da latitudade da região, as espécies mudam bastante, ao sul onde a camada de sedimentos trazidos pelo Rio Amazonas dura um período menor do ano, as espécies são mais coloridas e lembram mais o que imaginamos como um recife com predominância de corais duros como o "chifre de servo". Já ao norte, a penetração da luz é bastante prejudicada por mais da metade do ano, chegando a 2% do que chega à superfície da água, nessa região a predominância é por esponjas gigantes (de até 3 metros de altura) e animais carnívoros, inclusive lagostas já eram capturadas pelos pescadores há anos. Sempre se imaginou que a Foz do Amazonas formasse uma barreira natural para que as espécies da região do Caribe não fizessem parte também da costa brasileira, porém agora percebe-se que ela funciona mais como um filtro onde algumas espécies conseguiram se adaptar. Essa notícia até reacendeu a polêmica sobre o Peixe Leão, uma espécie invasora que tem sido encontrada em águas caribenhas, possivelmente introduzida pelo ser humano e que recentemente teve dois exemplares encontrados em águas brasileiras, já que até então se imaginava que a longa distância e a foz do Rio Amazonas fossem obstáculos para que ele chegasse até aqui, porém agora se cogita que essa região poderia até servir de "ponte" fornecendo alimento e proteção para o peixe durante a sua longa viagem do Atlântico Norte até o Atlântico Sul.

    Rodrigo Leão Moura, URFJ, analisa rede de arrasto com materiais da região.Os estudos sobre a região apenas começaram a ser realizados e é bom que eles se acelerem nos próximos meses pois aquela região tem vários pontos que foram designados pela ANP para que empresas estrangeiras realizem a exploração do petróleo, então seria importante se conhecer mais sobre suas características para que essa exploração não prejudique um habitat que contraria muitos livros escritos por aí e que pode ter ainda muito a revelar. Até o momento duas embarcações estadunidenses haviam estudado o local, porém dando maior ênfase para as alterações que o Rio Amazonas poderia causar nas águas oceânicas daquela região. Um grupo de cientistas brasileiros, liderado pelo cientista Rodrigo Leão Moura, da UFRJ, pegou carona para iniciar os estudos sobre a "lenda do recife de corais do Rio Amazonas", até que a terceira e decisiva expedição, à bordo do navio Cruzeiro do Sul, da Marinha Brasileira, em 2014 trouxe informações decisivas para esse estudo. Parece que o grupo de cientistas submeteu duas solicitações de expedição na região com o navio em 2015, porém mesmo sendo aprovadas, não aconteceram por limitações orçamentárias. A ideia é voltar ao local com um veículo de operação remota e colher imagens do fundo do mar nessa região, já que até o momento o que os cientistas tem são pedaços de esponjas, corais e peixes coletados através de uma rede de arrasto.

     

    Fontes de consulta:

  • Biodiversidade marinhaAtualmente as áreas de preservação da vida marinha designadas por lei são bem menores que as áreas em terra, estamos falando de 3,6% contra 15%, mas isso vem mudando nos últimos anos. Cada vez mais, líderes mundiais têm estabelecidos novas áreas de proteção ambiental sobre os oceanos e isso tem feito a diferença para a recuperação de várias espécies.

    Recentemente, o presidente da República do Palau, um pequeno país da Oceânia, colocou sob proteção algo em torno de 83% do território marinho do país, isso é um grande avanço na política de conservação mundial e se for seguido como exemplo por outros líderes globais, pode representar um grande avanço para a humanidade. Palau é um minúsculo país insular do oceano pacífico e é claro que não espera-se que países com proporções continentais estipulem números parecidos para seu territórios, porém um estudo adequado dos tipos de regiões e os diferentes níveis de proteção que demandariam, com certeza faria toda a diferença para o futuro do planeta.

    Os cientistas recomendam a divisão das áreas de proteção em três tipos. A primeira seria "área de proteção leve" onde seria permitida significativa pesca comercial, seguida pela "área de alta proteção" onde a pesca comercial não seria permitida e somente espécies sem grande apelo comercial teriam sua captura permitida. Por último, haveria a "área de proteção total" onde não seria permitido qualquer tipo de pesca ou exploração que interferrisse na vida marinha, essas regiões seriam determinadas pelas sua representatividade em termos de biodiversidade e suporte ao desenvolvimento da vida. Hoje, apenas 1,8% da área dos oceanos está sob alta ou total proteção.

    Um dos grandes desafios dos cientistas atualmente é que os políticos entendam a diferença que há entre esses três tipos de área de conservação, um desafio e tanto não só quando falamos do poder legislativo brasileiro mas quando falamos de políticas de conservação ambiental em países de todo o mundo.

    Leia mais sobre essa notícia em mongabay.org (inglês).

  • Lambari seria uma excelente barriga de aluguelEm 1990 a Rede Globo, popular emissora de tv brasileira, transmitiu à todo o Brasil a novela Barriga de Aluguel, onde a atriz Cláudia Abreu interpretou a personagem Clara, uma garota pobre que aceita gerar um filho de outro casal em seu ventre em troca de dinheiro, um assunto bastante polêmico na época e que gerou diversas discussões. Em 2016, cientistas do CEPTA (Centro de Pesquisa e Treinamento em Aquicultura), localizado na cidade de Pirassununga-SP, desenvolveram uma técnica para aplicar o mesmo procedimento em peixes, isso mesmo, imagine um Lambari (Astyanax lineatusgerando filhotes de Jaraquis (Semaprochilodus taeniurus), um peixe amazônico ameaçado de extinção e que por isso tem sua comercialização proibida.

    Duas técnicas foram utilizadas para isso, na primeira os cientistas reunem óvulos e espermatozóides da espécie e quando aparecerem ovos, antes que esses eclodam, injetam células embrionárias de outra espécie, a segunda é injetar essas células no peixe já adulto, uma espécie de inseminação artificial. A grande vantagem, neste caso, estaria no Lambari ser uma espécie que com 4 meses de vida já está maduro sexualmente e apto a se reproduzir, sendo uma espécie que chega a desovar até cinco vezes ao ano e que permitiria uma repovoação muito mais rápida do Jaraqui na natureza.

    Esse tipo de procedimento já acontece nos Estados Unidos, Japão e Europa, mas aconteceu na América Latina pela primeira vez e já é cogitado como uma solução para reduzir os impactos causados à fauna aquática pela desastre ambiental de Mariana-MG.

     Fonte: G1

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