Em um primeiro momento parece um caso normal, de um animal com capacidade de fazer fotossíntese e retirar energia da luz solar. Se aprendemos na escola que as plantas podem fazer isso, por que não haveria um animal com essa capacidade? Afinal, de vez em quando aparecem até alguns doidos em programas de auditório jurando que vivem de luz, por que não uma lesma marinha?
Brincadeiras à parte, esse caso é um pouco mais interessante que isso e pode ser muito importante para o desenvolvimento de novos tratamentos médicos para seres humanos, principalmente em relação à medicina genética.
Desde a década de 70 já se sabia que a Elisia Esmeralda ou Elysia chlorotica possuia a capacidade de incorporar cloroplastos das algas em suas próprias células, adquirindo a coloração verde esmeralda por causa disso. (Para quem não se lembra das aulas de biologia do colégio, cloroplastos são pequenas cápsulas que existem no interior das folhas verdes e que utilizam a luz solar para permitir as reações químicas que as plantas necessitam para sobreviver) Apesar disso, os cientistas desconheciam qualquer mecanismo na natureza que permitia que os genes de uma célula vegetal trabalhassem dentro de um célula animal e ainda mais por longos períodos.
O interessante é que no caso da Elysia chlorotica, essa regra foi contrariada. O animal, que é encontrado na costa leste dos Estados Unidos, possui uma coloração marrom avermelhada quando jovem, até que começa a se alimentar da alga Vaucheria litorea e passa a adquirir o seu tom verde esmeralda característico, a partir daí, os cloroplastos da alga começam a trabalhar para ele, produzindo carboidratos e lipídios para sua sobrevivência em caso de escassez de outra fonte de alimento, o que pode durar até nove meses!
A novidade em relação ao que se sabia desde a década de 70 está justamente aí, os cientistas descobriram que ela incorpora um gene da alga em seu cromossomo que a permite reparar os danos causados aos cloroplastos e mantê-los funcionando por um longo período sem a necessidade de uma célula vegetal, além disso, a lesma é capaz de transmitir esse gene para a próxima geração, o que caracterizaria a evolução da espécie.
O mecanismo como a lesma consegue incorporar um gene de outra espécie ao seu DNA ainda está sendo estudado e as descobertas feitas a partir disso podem ajudar consideravelmente no tratamento genético de várias doenças em seres humanos, pois poderíamos utilizar um gene de outro animal para curar uma doença em nossa espécie.
Fonte: Mail Online