Geralmente compramos o nosso primeiro betta para nos servir de pet fish, ou seja, um único peixe de estimação para dar atenção e aprender mais do hobby. É lógico que queremos criar um lar adequado para ele, porém a maioria dos petshops e algumas lojas de aquarismo nos vendem a ideia que o betta pode viver em um recipiente de 1 litro. Nesse artigo veremos como criar, passo a passo, um lar adequado e bonito para nosso amigo aquático.
Este artigo apresenta um aquário exemplo para meu uso pessoal (ganhei um betta e queria fazer um aquário bem didático e legal para ele). Decidi que ele seria plantado (já que eu gosto muito de plantas e ele também), e de baixa manutenção (não tenho tanto tempo para manter o aquário).
O artigo tem os seguintes tópicos:
Para poder escolher um bom aquário, temos que considerar o espaço que temos em casa. É bom lembrar que:
Considerando esses dois pontos e o espaço que temos nesse exemplo, escolhi um aquário de 35cmx25cmx20cm (Comprimento x Largura x Altura).
A figura abaixo mostra a posição inicial do aquário, com o tipo de iluminação que escolhi (uma luminária de gancho que já tinha, com uma lâmpada fluorescente compacta de 15W).
Hardscape é uma palavra bonita para "decoração". A decoração ou paisagem "dura" vem a ser o que colocamos no aquário para dar estrutura: troncos, rochas, enfeites, etc. Há algumas regras de percepção visual (psicológicas) que nos dão a sensação de harmonia. No exemplo, eu utilizo troncos comumente comprados em lojas de aquarismo e petshops (aroeira e goiabeira) que afundam sem problema (é preciso testá-los antes num balde para saber se irão boiar ou não). Depois dos troncos, algumas rochas pequenas irão ajudar a dar uma sensação de naturalidade à paisagem.
É importante saber que não é obrigatório que o aquário seja plantado. Alguns aquários tipo biótopo (representação de um habitat natural) não tem plantas e apenas arranjos de troncos e rochas.
Começamos utilizando um tronco base numa posição agradável.
Seguimos com um segundo tronco, um pouco menor, para dar uma estrutura mais natural. O espaço entre os troncos será importante na fase de plantio.
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Colocamos um terceiro tronco para ter uma estrutura completa
Aproveitamos para ver outros ângulos e avaliar nosso hardscape.
Como não gostei do leiaute, decidi testar novas posições e retirar alguns dos troncos. Usei pequenas caixas de suporte (que depois serão retiradas) para ter uma noção de altura.
Adicionamos as rochas e nosso hardscape está quase pronto. É bom tirar uma foto nesse momento, pois colocando o substrato podemos realizar alterações para nos adequarmos com a altura, e vamos precisar lembrar as posições que mais nos agradaram.
Aqui temos que decidir se queremos um aquário plantado (densamente), um aquário com plantas (poucas plantas para enfeitar) ou um aquário apenas de hardscape (ou plantas artificiais). Todas as opções são válidas, a escolha é sua dependendo do que você mais gosta e tenha tempo para manter. No meu caso, eu quis um aquário plantado com a maioria das plantas de baixa manutenção.
Uma vez escolhido o tipo de aquário, podemos escolher o substrato preferido. No caso dos aquários com plantas artificiais ou sem plantas, iremos procurar um substrato inerte (que não reage nem tem nutrientes). Já com aquários plantados temos duas opções:
Nesse exemplo, eu utilizei o método antigo (húmus de minhoca tratado e laterita) para substrato fértil, pois eu já tinha sobrando e queria acabar com eles. Não recomendo esse método; dá muito trabalho para tratar o húmus e considero substratos como Aquamazon Natural Soil muito melhores. Em alguns casos, já usei MBreda Amazonia e ADA Aqua Soil Amazonia e gostei muito deles; em especial, pois é só colocar e já funciona sem medo de vazamentos na coluna d'agua.
Laterita e húmus de minhoca tratado. Recomendo MUITO a utilização de substratos industrializados, ao invés do material que utilizei.
Colocando a laterita. No caso de substrato industrializado, a distribuição da laterita na foto é equivalente ao do ADA Power Sand, por exemplo.
Para aplicarmos substratos tipo areia e pó, eu utilizo uma jarra de 1 litro de plástico. Com isso teremos controle de quanto colocamos em cada lugar do aquário.
A utilização de um pincel/trincha de tinta é útil para espalhar o substrato de forma suave. Reparem que deixamos as bordas sem substrato fértil (apenas um detalhe estético) de forma que o substrato inerte irá cobrir tudo, não mostrando as camadas desde a vista frontal.
Já na hora do substrato inerte temos várias opções no mercado. Podemos escolher cascalho colorido (não recomendo, liberam tinta no aquário e pode ser nocivo para o nosso peixe), cascalho de rio, areia branca, areia de filtro de piscina, de construção, de rio, e areia preta (industrializada). No meu caso, eu gostei muito do visual da areia preta (MBreda Blackblue) e foi a que eu escolhi. Usei um pote completo de 6KG para esse projeto.
Para colocar a areia e não enterrar o hardscape, precisei tirar o tronco grande enquanto acomodava o resto do hardscape. Por isso foi importante tirar a foto da ideia do hardscape antes de colocar o substrato. Reparem que usei aquele pote de plástico para dar um suporte estrutural ao tronco principal. O pote ficará escondido na areia.
Um destaque do substrato pelo lado direito.
Não tenha medo de usar muito substrato para criar altura na parte de trás. Isso irá nos dar uma perspectiva de profundidade muito importante no leiaute. Nesse caso coloquei até 13cm de altura.
Na frente, apenas 2cm de substrato foram necessários. Cada caso vai variar de acordo com o leiaute.
Utilizar o substrato alto na parte de trás nos dá um bom leiaute com profundidade. Porém, com o peso d'agua e o tempo, esse substrato irá escorregar pela gravidade. Para evitar isto, eu utilizo suportes de substrato, feitos de plástico (aquele de pastas plásticas encontradas nas papelarias).
Cortamos a pasta em superfícies que possam nos ajudar, e medimos mais ou menos a altura que iremos segurar com o suporte.
Preparamos o suporte cortando com uma tesoura.
Finalmente enterramos o suporte na areia. Isso evitará que o efeito da gravidade altere nosso leiaute no tempo.
Pronto! Agora o aquário está pronto para ser preenchido com água, se não formos colocar plantas. No meu caso, é vital colocar plantas pois gosto demais e já as tinha de um outro aquário. A seguir, o processo de plantio.
Antes de começar o processo de plantio, é importante preparar as plantas que iremos utilizar. Depois de comprar as plantas (ou ganhar) e trazê-las para casa, é importante remover o material que vem nelas, cortar as raízes pequenas e preparar os caules para o plantio.
Preparando Staurogyne repens.
Já com as plantas prontas, eu gosto de molhar o substrato utilizando um borrifador (não precisa ser como o da figura). A ideia é molhar o substrato o suficiente (que tenhamos uma coluna d'agua pequena, de 1cm acima do substrato frontal) para começar a plantar. Usamos o borrifador para não mexer no substrato e perder nosso leiaute.
Borrifador de pressão.
Plantando as Staurogyne repens.
Além das Staurogyne repens, eu gosto muito da planta Anubias barteri "Nana". Ela é uma planta muito resistente, que precisa de pouca iluminação e tem crescimento lento. Ela é ótima para lugares de sombra, e para preencher o espaço entre as rochas e troncos. Também é muito bonita quando presa a troncos, como se fosse uma árvore.
Anubias barteri "Nana" presa ao tronco usando os arames que vem nas embalagens de pão de forma.
Foto de perspectiva. Reparem que as Anubias estão nos vãos das rochas e troncos.
Completando a vegetação no fundo com Cryptocoryne sp.
É bom tirar uma fotografia durante o plantio para ver se estamos tendo o resultado esperado (e se gostamos dele).
Finalmente, não queria que o tronco ficasse totalmente visível e sem plantas. Aproveitei para colocar Musgo de Java (Taxiphyllum barbieri) nele. Usei Super Bonder para colar pequenas moitas no tronco. Não se preocupem, só a parte de contato do musgo irá morrer, mas o resto vive e cresce.
Moitas de musgo.
Já com o aquário pronto e plantado, temos que pensar no que o nosso peixe irá precisar. Um filtro sempre é bem-vindo; ele irá processar os resíduos orgânicos e outros químicos nocivos para o nosso betta. Eu escolhi uma opção boa e barata; o filtro de esponja. No meu caso, eu já tinha ele em outro aquário (e já estava ciclado).
Se quiser aprender mais sobre filtros e filtragem, recomendo esse artigo (A Filtragem e os Filtros).
Filtro de Esponja. Precisa de uma bomba de ar (compressor) para funcionar.
Estamos prontos! É a hora de encher o aquário com água. PORÉM, não é tão simples. Se não fizermos com cuidado, podemos estragar todo nosso esforço. Para isso, temos que tomar algumas precauções.
A ideia é evitar que a água venha com muita força e mexa no substrato. Para isso, podemos usar alguns recipientes que possam diminuir o impacto d'agua, como pequenos pratos. Eu gosto de usar um recipiente como aqueles "porta-xampus" para o banheiro, pois tem ventosas (útil para fixar no aquário) e muitos furos onde a água pode sair sem acumular pressão.
Suporte para encher o aquário.
No início tive que usar um suporte menor (criadeira de ovovivíparos), pois o tronco não deixava o suporte de xampu na base do aquário.
Já com tudo em ordem, podemos curtir o resultado. Se o filtro for novo, é ideal esperar 30 dias antes de colocar o peixe. Porém, muitos não têm esse luxo de tempo (o peixe já está em casa). Nesse caso, podemos colocar o peixe, mas trocando a água constantemente.
Independente se temos ou não filtro, se tivermos um aquário com substrato fértil recomendo o seguinte esquema de troca parcial de água (TPA) para as primeiras 3 semanas:
Depois da terceira semana, podemos seguir a rotina de TPA mais conveniente para nós. No meu caso, será uma TPA de 30% a cada 15 dias (baixa manutenção). Como só temos um peixe, a produção de carga orgânica é baixa e podemos manter essa rotina.
Meu betta Goku curtindo o novo lar.
Todo aquarista consciente deseja que seu aquário tenha uma vida saudável, pelo menos na medida do possível. Uma ambientação adequada somada a boa convivência entre as espécies do aquário é capaz de promover as lindas imagens que tanto alegram os amigos hobbistas. No entanto, o que se nota nos fóruns e sites de aquarismo é a falta de compreensão ou experiência de alguns criadores em reconhecer ou “ler” no comportamento de seus peixes alguns problemas que aparentemente não tinham motivo para ocorrer, mas que de repente começam a acontecer. Peixes parados demais, um nado irregular, agitação ou agressividade, além de outras mudanças inesperadas de comportamento podem constituir sinais indicadores de problemas no aquário.
Certo que cada espécie tem uma forma de se comportar no aquário em seus padrões típicos. Sabemos da importância de conhecer as formas naturais de cada espécie agir ao nadar, ao se alimentar, ao se esconder, ao conviver com outros peixes. Esse saber é conquistado com o decorrer do tempo, observando determinada espécie em sua vida cotidiana. Mas o que proponho discutir neste artigo são os comportamentos estranhos dos peixes, desde sua chegada ao aquário, na fase de adaptação ao novo lar, até a época em que surge algum problema como uma doença ou mesmo quando fatores diversos no ambiente alteraram a sua postura no tanque. Reconhecer algumas posturas e comportamentos estranhos nos peixes que criamos pode ajudar a tomarmos as medidas mais adequadas para tentar resolver as questões.
Ocorre que nem toda postura “estranha” (na nossa ótica) é sinal de distúrbio. Não se pode reclamar que suas piranhas estejam muito agressivas. Um amigo reclamava que seu cascudo limpa-vidro quase não saía do lugar e por isso estaria doente. Assim, ele mexia no peixe com uma redinha, para ele se “movimentar”. Mal sabia que repetindo isso várias vezes por dia estava a estressar o pobre coitado. Outros não sabem que as bótias, com certa freqüência, parecem deitar no fundo do tanque e que tal comportamento não é anormal. O Chalceus finge-se de morto sob grande ameaça. Já vi quem questionasse por que seu peixe betta passava horas na mesma posição no tanque. Ora, quem não sabe que bettas não são peixes ativos?
Outro colega, após comprar uma bótia modesta, achou ruim que ela quase não aparecesse no aquário, já que ficava sempre dentro de uma pedra marinha que ele tinha. Terminou por retirar a toca, deixando o peixe tão estressado que ele acabou saltando fora do tanque por uma pequena fresta. Isso poderia acontecer com um lábeo frenatus também. Cito outro caso engraçado. Um criador dizia que seus peixes mudaram de atitude de repente, estavam quietos demais e tal... depois relatou o pequeno detalhe: há uma semana havia colocado um Oscar albino de quinze centímetros dentro do tanque!
Portanto, analisaremos aqui certos comportamentos de distúrbio em que os peixes demonstram uma situação crítica, estressante ou doentia, que em geral são recorrentes em muitos aquários.
Isolamento, peixe parado em um canto. Peixes que se isolam e não se mexem, se isso não for natural para a espécie, apresentam problemas. Em geral ficam parados, ofegantes, murchos e sem coloração viva. É normal que um animal recém colocado em um aquário muito novo (às vezes até sem tempo de ciclagem) fique em um canto parado e sem cor. É preciso acompanhar os parâmetros da água do tanque e sempre observar o peixe, para ver se ele muda de postura.
Por exemplo: um peixe tropical em água muito fria, tipo 18 graus ou menos, tende a se movimentar menos. A inanição é comumente causada por presença de estresse, devido a grandes alterações de ambiente e água, como no caso do pH, ou por problemas de presença de cloro, pouca oxigenação e muito nitrito e amônia na água. Também a falta de tocas, para as espécies que gostam de se esconder ou falta de companhia da mesma espécie, quando esta é de cardume, e até deficiência alimentar. Para ilustrar, não se aconselha comprar apenas um barbo ouro, pois este tenderá a ficar escondido, parado. O que ainda pode gerar tal comportamento é a presença de peixes hostis ou territoriais, que terminam constrangendo os de outras espécies a ficarem encolhidos em um canto.
Nado irregular. Alguns peixes, por natureza, possuem um nado estranho, como os Kinguios telescópios. Mas até esses peixes podem apresentar comportamentos irregulares, por exemplo, quando nada de cabeça para baixo ou sempre de lado. Já a posição de ponta-cabeça é normal para o Chilodus punctatus. Nado irregular é geralmente resultado de alguma doença bacteriana ou mesmo pela falta de nadadeiras, perdidas por doença ou por ataques de outros peixes, que geraram ferimentos. Um tipo comum de nado irregular é quando o peixe faz movimentos de "parafuso", girando em torno de si mesmo. Isso indica alguma doença grave, virótica, bacteriana ou outra em estado avançado, geralmente já tendo atingido o sistema nervoso do peixe. Dificilmente este peixe vai se recuperar, forçando o criador a pensar em algum tipo de eutanásia, infelizmente.
Sugando ar na superfície d´água. Ora, às vezes é normal que certas espécies, como molinésias, espadas, lebistes, kinguios e bettas fiquem assim, pelo menos na hora da refeição, quando a ração fica boiando na superfície. Peixes como as agulhinhas também vivem na superfície. Mas em geral, pode ocorrer que os peixes estejam assim porque o oxigênio do tanque esteja quase no final e a qualidade da água esteja péssima. A tendência é virem a morrer em poucas horas. Por isso, o melhor nesse caso seja retirar os habitantes para outro ambiente mais equilibrado ou tentar uma troca parcial, de emergência, mas com água descansada de alguns dias. A situação complica para quem, por inexperiência ou falta de espaço e possuindo apenas um aquário em casa, é acometido por uma emergência fora de hora: as perdas serão inevitáveis. Colocar os peixes em água que sai direto da torneira é morte certa, como sabemos. É bom manter sempre outro tanque, pouco habitado e bem equilibrado, para certas emergências no aquário principal. Pode levar meses, mas um belo dia o criador vai precisar muito dele.
Peixe “se coçando” em pedras, substrato, plantas e vidro. Também é outro comportamento recorrente, irritando os peixes, sobretudo provocado por doenças parasitárias que atacam ao longo do corpo ou nas guelras. O íctio é uma das moléstias que causam esse comportamento, de grande incômodo para os peixes. E não é preciso nem que os pontos brancos estejam visíveis para o peixe estar com a doença. É preciso iniciar logo algum tratamento, para evitar uma infestação maior. Fungos e até presença de cloro na água podem levar os habitantes do aquário a se esfregarem nos objetos e plantas, como ainda os vermes lérnea (na verdade um crustáceo), que também geram coceira e irritação nos peixes.
Peixe esfregando o bico no vidro, freneticamente. Muitas vezes, um peixe que mudou de um ambiente maior e vai para um bem menor pode tomar essa atitude. Já vi casos de peixes criados em grandes viveiros (tipo lagos) ou que coletados na natureza, ao passarem para aquário, estranhar ver sua imagem no vidro. Há quem diga que um excesso de oxigenação na água pode gerar certa excitação e o peixe fica como que querendo “furar” o vidro do aquário. Se diminuir as borbulhas do filtro ou da bomba, esse comportamento pode acalmar.
Respiração alterada, como ofegante. Este é outro sintoma de doença, estresse ou má qualidade da água. Peixes ficam muito agitados na hora de captura. É normal, por causa da “canseira” que sofrem. Luz muito forte ou grande claridade incidindo sobre espécies que gostam de locais sombrios, tendem também a gerar essa postura estressante por exemplo em cascudos em geral, lábeos, dojôs, peixes albinos, entre outros. É preciso estudar cada espécie, para deixá-la o mais confortável possível no tanque. A falta de oxigenação é outro fator de respiração alterada. Mas o pior são as doenças (íctio, oodinium, etc) que deixam os peixes não apenas ofegantes, mas também sem querer comer, no fundo ou na superfície do tanque. Busque o tratamento certo, para a situação não piorar.
Por fim, reafirmo que a experiência com peixes de aquário nos ensina a detectar os mais variados problemas, apenas basta ter atenção redobrada com eles. Lembre-se que cada espécie tem suas formas de reagir ao que acontece a sua volta. Por isso, fique atento ao comportamento de seus peixes.
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A Pró-Aquarista recomenda para o bem estar dos seus peixes:
Quando a conversa entra no tema iluminação em aquários a frase mais ouvida é que devemos manter 1 W de luz por litro de água. Essa é uma das fórmulas mais genéricas que existem no aquarismo e deve ser seguida com muita cautela. Temos de entender primeiro qual o tipo de lâmpada a que essa fórmula refere-se, se é tubular T8 ou T5 HO, se é fluorescente compacta, HQI ou os recentes LEDs.
Além do tipo de lâmpada é necessário identificar o que o aquarista busca com a iluminação, se é um aquário plantado, um aquário com plantas (sim, são diferentes e podemos abordar mais adiante), um aquário somente de peixes ou ainda um reef (aquário marinho com corais). Usualmente para aquários somente de peixes (no inglês, fish only) ou aquários com plantas podemos manter uma iluminação mais simples com lâmpadas do tipo "luz do dia", essas mesmo que usamos para iluminar a cozinha de casa, acrescentando algum tom de azul ou rosa em aquários de água doce para realçar as cores dos peixes. Para aquários plantados temos que entender as necessidades das plantas, qual espectro da luz é mais eficiente no processo de fotossíntese e desta forma concentrar os esforços e investimentos na lâmpada adequada. Falando de modo geral, sem aprofundar conceitos ou detalhes técnicos, as plantas aproveitam com mais eficiência os espectros vermelhos e amarelos da luz, desta forma podemos ter mais lâmpadas que emitam essa frequência.
Outro ponto a considerar é a atenuação que a água proporciona. O vermelho atenua primeiro, até que reste apenas o azul, por isso em aquários marinhos com corais é necessário investir em espectros azuis, uma vez que, como os corais se encontram no mar, em profundidades maiores que as plantas nos rios e lagos, com o passar de milhões de anos, eles evoluíram para aproveitar melhor essa faixa.
A fauna é outro grande critério para equalizar a iluminação do aquário. Não basta comprar lâmpadas que atendam aos demais pontos da montagem e colocar os peixes que se deseja dentro do aquário. Ocorre que muitas espécies, como as de hábitos noturnos ou as que vivem em tocas, preferem locais sombrios. Também há peixes que vivem em águas escurecidas por ácido húmico ou na sombra de vegetações, preferindo pouca iluminação. É o caso dos Neons, Acarás Bandeira, Acarás Disco entre outros. O melhor seria respeitar os níveis de claridade de cada espécie no aquário, investigando como era a vida delas no meio natural (mesmo que nem existam mais em meio selvagem).
Muitos amigos criadores ficam preocupados que seus peixes estejam acanhados, parados, estressados, agressivos ou agitados, emagrecendo excessivamente ou até morrendo, sendo encontrados mortos fora do tanque, etc. Peixes como Bótias, Labeos e Dojôs podem até sobreviver na claridade, mas precisam de tocas para relaxar. Peixes de hábitos noturnos também não gostam de muita claridade, como por exemplo os Gobis, Synodontis, Cobras Kulli, Ituís e alguns Cascudos, que necessitam de tocas para passar o dia. A verdade é que quase nenhum peixe gosta de luz forte no aquário, como se fosse um Sol ao meio dia. Ainda é recomendado manter uma rotina de acender e apagar as luzes sempre no mesmo horário. Deixar a claridade da manhã entrar no ambiente algum tempo antes do acender das lâmpadas é indicado para que a claridade não seja repentina, mas gradual, ou então ir acendendo as lâmpadas aos poucos e apagá-las da mesma forma ao final do dia.É preciso atentar para outros fatores que definem a iluminação como a profundidade e o comprimento do aquário, o substrato que se pretende usar e a cor da água, caso dos aquários de águas mais escuras ou cor de chá (no inglês, blackwater). Por exemplo, quem tem aquários com 100 cm ou mais de comprimento não precisa clarear o ambiente totalmente, pode deixar alguma parte com pouca iluminação.
Também não se pode descuidar do perigo das algas, pois uma iluminação mal projetada poderá trazer muita dor de cabeça com esses visitantes indesejados em suas diversas espécies, desde as algas que deixam a água esverdeada até as filamentosas, as marrons, pretas e azuis, como cianofíceas, entre outras.
Sobre a eficiência das lâmpadas, até pouco tempo atrás as HQIs eram imbatíveis para marinhos por sua eficiência em reproduzir infinitas cores. Com seus filamentos de alta incandescência são as que mais se aproximam do espectro solar, visualmente formando imagens de "bilhões de cores", muito próximas às que visualizamos sob a luz do Sol. Porém estão perdendo espaço para os LEDs exatamente pela falta de praticidade e pelo fato de esquentarem muito, além do alto consumo de energia elétrica.
Os LEDs com sua praticidade e durabilidade estão cada vez mais populares. O LED RGB basicamente trabalha com três cores (RGB de "red", "green", "blue"), as demais são obtidas com revestimentos da pastilha do diodo luminescente com os vários tipos de fósforo em diversas combinações o que, visualmente, permitiria destacar na imagem assim formada aos nossos olhos, algo como "256 cores". Nos LEDs brancos, por exemplo, não há a opção de gerar cores (apenas a branca) pois isso depende do tipo de semicondutor utilizado no diodo. A maior vantagem dos LEDs em aquários marinhos é o fato de não esquentarem a água, dispensando em alguns casos até mesmo o Chiller. Nos plantados os LEDs ainda engatinham, e hoje não se tem uma opinião totalmente formada sobre como acertar na iluminação LED para aquários plantados (estamos em 2015 e a tecnologia no aquarismo evolui muito rápido, talvez quando você estiver lendo esse artigo, as coisas já estejam diferentes).Quando falamos de aquários plantados as tubulares ainda reinam absolutas por terem um espectro mais estendido e não esquentarem a água. Ainda dependentes de "combinações de fósforo", permitem visualmente formar imagens com "milhões de cores" e mais próximas, portanto, do que enxergamos sob o Sol. Com estes milhões de cores, a facilidade de acesso e o preço mais acessível em relação às luminárias de LED, as fluorescente T5 HO (HO de High output) ainda devem ter uma vida longa nos aquários plantados. Fluorescentes compactas (conhecidas também como lâmpadas econômicas, aquelas lâmpadas fluorescentes que rosqueamos nos bocais tradicionais), talvez pelas limitações impostas no PAR e espectros, são mais recomendadas para aquários de baixa manutenção, "low tech" ou somente de peixes, pois acabam sendo um fator limitante para o desenvolvimento de muitas plantas.
Portanto, como podemos ver de forma resumida, a iluminação ideal em um aquário depende de diversos fatores. Os vendedores devem estar preparados para questionar o cliente no sentido de entender qual tipo de aquário é pretendido e assim poder indicar a iluminação mais adequada, de acordo com o desejo de investimento do aquarista e garantido que este tenha uma experiência satisfatória com seu aquário.
Por último e não menos importante, vale ressaltar que após sua utilização, as lâmpadas não devem ser descartadas no lixo comum. Existem pontos de descarte especializados no tratamento dos elementos tóxicos que compõe as lâmpadas e que saberão dar um destino adequado para eles, sem que façam mal ao meio ambiente. Aqui você pode encontrar alguns desses locais.
Siglas:
CFL - Compact Fluorescent Lamp. Lâmpada "econômica" fluorescente comum. Não precisa de reator externo pois o mesmo está embutido na lâmpada e pode ser rosqueada em qualquer bocal, antigamente utilizado para lâmpadas incandescentes.
HQI - Hydrargyrum Quartz Iodide. Tipo de lâmpada com descarga de alta intensidade, de vapor de mercúrio.
LED - Light-Emitting Diode. Diodo emissor de luz.
Lúmen - Unidade de medição de luz (espectro visível) pelo olho humano.
LUX - Unidade de intensidade de luz visível pelo olho humano. Representa a quantidade de lúmens que incidem sobre um metro quadrado.
PAR - Photosynthetically Active Radiation. Radiação Fotosinteticamente Ativa, representa o espectro de luz "visível" por animais ou plantas que realizam o processo de fotossíntese (plantas, corais, algas, etc).
PL - Philips Lighting. Versão antiga dos CFL, onde as lâmpadas precisam de um reator externo. Ainda é muito utilizada no aquarismo.
T5 - Lâmpada Tubular Fluorescente tipo T5, de 15,9mm de diâmetro (5/8 de polegada), mais fina que o modelo T8, mais comum. Existe a versão T5 HO (High Output) muito utilizada no aquarismo, por emitir mais lúmens por m2, em relação ao seu consumo em Watts.
T8 - Lâmpada Tubular Fluorescente tipo T8, de 25,4mm de diâmetro (1 polegada). É a lâmpada mais comum entre as fluorescentes tubulares. Há ainda a T10, que possui o diâmetro um pouco maior (33mm) e que também é facilmente encontrada em supermercados.
Watt - Unidade de potência ativa elétrica, equivalente a 1 VA (volt-ampere). Também conhecida como Vátio.
Colaboração: Julio León e Katsuzo Koike.
Podemos entender por estresse qualquer condição em que o peixe torna-se incapaz de manter um estado fisiológico e comportamental normal devido a um ou mais fatores estressantes. Um fator estressante ou estressor é todo agente que provoca reação de estresse.
Os agentes estressores são divididos em três categorias.
Físicos. Captura, manipulação, transporte, temperatura da água, densidade populacional, alimentação, intensidade de luz, etc.
Químicos. Amônia, nitrito, pH, presença de poluentes, concentração de oxigênio dissolvido na água, etc.
Biológicos. Patógenos (organismos capazes de gerar doenças).
Pode ser também considerado um agente estressor algo percebido pelo peixe, como a presença de predadores.
O estresse é um estado produzido pelo ambiente ou outros fatores que exige do peixe respostas de adaptação que ultrapassam a faixa normal de funcionamento de seu organismo. A Síndrome da Adaptação Geral (SAG) é um modelo que caracteriza as alterações fisiológicas e comportamentais frente a um agente estressor e divide-se em três fases.Reação de Alarme. Ocorre imediatamente ao momento em que o peixe tem o primeiro contato com o agente estressor e tem uma resposta endócrina (liberação de substâncias como adrenalina e noradrenalina) muito rápida.
Reação de Resistência. É uma fase de maior duração e marcada por alterações fisiológicas secundárias, como excessiva liberação de cortisona e cortisol. Estas substâncias causam imunodepressão, debilitando o peixe e comprometendo suas defesas imunitárias. As respostas fisiológicas nesta fase são uma tentativa de ajuste do peixe frente ao ambiente buscando um novo equilíbrio.
Reação de Exaustão. É basicamente marcada pela falha dos mecanismos de adaptação, em função da duração e/ou severidade dos agentes estressores. O peixe fica esgotado por sobrecarga fisiológica, excedendo seu limite físico e tornando-se propenso ao desenvolvimento de doenças oportunistas ou a morte.
Parece complicado, mas é realmente mais simples e comum do que se imagina. Um exemplo?
O aquarista vai à loja comprar ração. Só ração. No momento em que entra, o inevitável acontece: vai olhar as baterias e, em um expositor qualquer, vê os peixes que quer faz tempo e nunca encontra. Alguma dúvida sobre o que acontece?Redinha, saco plástico, os peixes chacoalhando lá dentro até ele voltar para casa (estressores físicos). Já na aclimatação (só para simplificar, vamos esquecer da quarentena e sua importância) o aquarista percebe que os peixes perderam a cor, estão agitados e com a respiração acelerada (resposta fisiológica a um fator estressante). No momento de soltá-los no aquário, na maior expectativa para vê-los nadando, eles simplesmente se escondem (resposta comportamental a um fator estressante). E lá fica nosso aquarista, parado na frente do aquário, na maior frustração.
Talvez este seja o exemplo mais comum de estresse que observamos. Os peixes passaram por uma situação de ameaça e deram respostas de adaptação, buscando um novo equilíbrio para sua sobrevivência (homeostase). Como estes estressores (captura, transporte, inserção em ambiente desconhecido) são de curta duração, é provável que em vinte e quatro horas os peixes estejam adaptados, com cor e respiração normais, explorando o aquário e se alimentando. Já a exposição crônica e prolongada a fatores estressantes acarreta alterações patológicas mais severas como redução da capacidade reprodutiva, diminuição na taxa de crescimento e resistência a doenças, podendo inclusive levar ao óbito.
Basicamente por desconhecimento, algumas pessoas que mantém aquário não atentam para a importância e o cuidado de não estressar seus peixes. Na verdade, sequer imaginam o quanto suas ações ou o próprio ambiente de casa podem contribuir para isto, levando à perdas indesejadas e prejudicando a criação. Abaixo segue uma pequena lista das situações mais comuns que levam os peixes ao estresse e que devem ser evitadas ou corrigidas.
- Manter o aquário em local muito agitado da casa, constantemente cheio de pessoas.
- Excesso de barulho próximo ao aquário: peixes não "escutam" como nós, mas são sensíveis a vibrações sonoras. Bater no vidro do aquário também não é boa ideia.
- Movimentos bruscos, que costumam assustar os peixes.
- Criador (ou crianças) perseguindo os peixes com a redinha ou outro objeto qualquer.
- Deterioração da qualidade da água.
- Modificações constantes na posição de pedras, troncos, ornamentos, plantas. Depois de colocados os peixes, seu espaço deve ser respeitado.
- Alimentos de baixa qualidade ou sempre o mesmo alimento (única ração). Oferecer alimento demais ou de menos conforme a espécie e segundo os habitantes do aquário.
- Superlotação: muitos peixes para pouca água (inclusive peixe de grande porte em tanque pequeno).
- Fauna incompatível: manter espécies pacíficas com outras agressivas que perseguem, machucam, coagem ou matam.
- Manter um único exemplar de peixes que vivem em grupo, como Corydoras ssp. ou Paracheirodon ssp. (Neons), por exemplo.
- Grandes variações de temperatura (cinco graus Celcius ou mais durante o dia) ou temperatura fora do intervalo de conforto para a fauna (muito quente ou muito frio).
- Grande diferença nos parâmetros da água entre o aquário da loja e o de casa, ou parâmetros (em casa) impróprios para a espécie comprada: por exemplo, peixes de águas ácidas e moles colocados em água dura e alcalina.
- Iluminação muito potente, sem o oferecimento de áreas de sombra ou recursos que minimizem a claridade.
- Utilização de filtro, bomba submersa ou cortina de bolhas que provoquem muita correnteza ou turbulência, quando a fauna reconhecidamente prefere água calma.
- Falta de plantas para oferecer abrigo e de tocas para peixes que gostam de se esconder, principalmente os de hábitos noturnos.
- Coluna d’água rasa demais para peixes que necessitam de certa profundidade (manter acarás bandeira em aquário com 30 cm de coluna d’água quando precisam de pelo menos 40 cm, sendo o melhor 50 cm a 60 cm).
- Forçar os peixes a "aparecer" no aquário, seja com a mão ou algum objeto, fazendo-os sair de tocas e esconderijos, expondo-os sem necessidade.
- Inserir os peixes em aquário sem ciclagem.
- Usar água com cloro e metais pesados.
O que todo aquarista quer é ter um belo tanque para poder aliviar o próprio estresse diário. Porém, ele precisa deixar a contemplação agradável e acostumar-se a atentar para o que ocorre em seu tanque. Evitando ou corrigindo os pontos citados, haverá com certeza uma grande queda de estresse no aquário. Peixes estressados perdem suas cores, mudam o padrão de natação, não se alimentam, vivem parados, assustados, escondidos, adoecem com facilidade e chegam a morrer. Como sempre é bom lembrar, peixe não é brinquedo. Cuide bem dos seus!
Escrito por: Katsuzo Koike e Solange Nalenvajko
Planejamos um aquário. Escolhemos seu tamanho, equipamentos, hardscape "bonitinho", fauna a ser mantida e flora. Encaramos pacientemente (ou não) o período de ciclagem, inserimos os habitantes e, lá pelas tantas, surgem as algas e os problemas relacionados ao acúmulo de detritos. Pôxa, mas meu filtro é bem dimensionado, a circulação está boa e não há superpopulação, faço o quê? Ah, põe uma equipe de "peixes de limpeza" que já resolve. E é desta maneira e por este motivo que colocamos em nosso aquário animais que nunca estiveram previstos na montagem, inclusive muitas vezes oferecendo-lhes um ambiente nada adequado.
"A turma da faxina" como é mais conhecida, são espécies que geralmente começam pela letra C: cascudos (incluso otos), corydoras, camarões, caramujos e comedores de algas, habitualmente escolhidos em função de seu regime alimentar, além da forma e locais em que se alimentam. Sobre eles colocamos a responsabilidade de manter o aquário limpo de algas, restos de ração e matéria vegetal morta. A ideia é esta, só que não é bem assim que a coisa funciona.
As informações à seguir são genéricas mas importantes para quem quer manter seu aquário equilibrado e livre de algas. É indicado pesquisar especificamente sobre a espécie que deseja manter para não ter surpresas desagradáveis depois. No mínimo evita-se o susto de descobrir que adquiriu um peixe que, quando adulto, pode ficar quase do mesmo comprimento de seu aquário.
Cascudos.
Dos pequenos Limpa Vidro (Otocinclus sp., cerca de 3 cm) aos Abacaxi (Pterygoplichthys pardalis, cerca de 35 cm), passando pelo lindíssimo Zebra (Hypancistrus zebra L046, cerca de 10 cm), todos são peixes que pertencem à ordem Siluriformes. Somente a família Loricariidae, por exemplo, possui seis subfamílias, mais de setenta gêneros e cerca de seiscentas e noventa espécies conhecidas.
São conhecidos popularmente como cascudos ou acaris e têm como características principais corpo revestido por fileiras de placas ósseas, primeiro raio da nadadeira dorsal duro, boca inferior e lábios em forma de ventosa. Possuem respiração aérea acessória. Conforme a espécie podem ser basicamente herbívoros, basicamente carnívoros, onívoros, necessitando ou não consumir celulose (raspadores de madeira). Em sua maioria são animais pacíficos com algumas poucas espécies agressivas e territorialistas.
Na média, o tamanho que varia entre 10 cm e 40 cm e distribuem-se pela América do Sul e Central. Vivem em ambiente lótico (águas correntes ricas em oxigênio) onde se alimentam de microrganismos existentes no limo, algas, pequenos vermes e crustáceos.
Aliás, cascudos estão sempre se alimentando. São bons ajudantes no combate a algumas algas, mas esta não deve ser a única opção alimentar. Comerão sobras de ração de outros peixes, embora não seja a nutrição mais adequada. Pesquise sobre a espécie que mantém, verifique sua necessidade alimentar, ofereça rações de qualidade, legumes, vegetais. Talvez o bichinho conclua que a comida que você proporciona seja melhor do que raspar algas e desista do emprego de faxineiro, mas pelo menos você terá um animal bonito e saudável em seu aquário.
Corydoras.
Também da ordem Siluriformes, pertencem à família Callichthyidae sendo um de seus oito gêneros e possuindo mais de cento e sessenta espécies descritas. Conhecidos vulgarmente como limpa-fundo, são caracterizados pela presença de placas ósseas em ambos os lados do corpo, nadadeira dorsal e nadadeiras peitorais guarnecidas com espinhos e dois pares de barbilhões curtos no maxilar. Possuem respiração aérea acessória facultativa.
Encontrados em diferentes ambientes (rios, pequenos riachos, áreas pantanosas) são onívoros com tendências carnívoras e em seu ambiente natural alimentam-se de insetos, vermes, larvas, peixes mortos e eventualmente vegetais. Corydoras não comem algas.
O tamanho médio varia entre 2 cm a 10 cm. São bentônicos (vivem junto ao substrato), gregários (vivem em grupo), pacíficos, apreciam a vegetação marginal densa sob a qual se abrigam e são mais ativos durante o dia e crepúsculo. Distribuem-se pela América do Sul e Central.
No aquário, vale a recomendação anterior: pesquise sobre a espécie que deseja manter. Certifique-se que seu aquário tem condições de recebê-los e se não há potenciais predadores. Da mesma forma, atenção com alimentação: não permita que vivam apenas com as sobras dos demais habitantes. Ofereça ração própria para eles e inclua alimentos de origem animal. Cardápio diversificado é mais saudável.
Caramujos e camarões.
Os caramujos de aquário são moluscos gastrópodes aquáticos que possuem carapaça ou concha. É muito comum que venham como clandestinos em plantas recém-adquiridas e colocadas nos aquários. Os mais comuns são os physas, lymnaeas, melanóides e planorbídeos.
São onívoros, alimentam-se de algas, restos de ração, detritos vegetais e animais mortos. Se não controlados, com alimentação abundante e ausência de predadores, podem se reproduzir demasiadamente e infestar o aquário, embora isso não seja maléfico para o ambiente ou peixes. Passam o dia sobre as folhas, no fundo, sobre os vidros, pedras e tudo o mais que tiver algas e restos de comida. Alguns são capazes de permanecer na superfície da água em busca de ração, na hora da refeição. Sua função de "faxineiro" deve ser respeitada e sua saúde indica a saúde da água no aquário.
Physas, lymnaeas e planorbídeos são pulmonados e com relação a reprodução são hermafroditas capazes de autofecundação ou fecundação cruzada. Os ovos são depositados em uma massa gelatinosa, dentro d’água, em superfícies como o vidro, tronco, rocha e folhas.
Melanóides possuem respiração branquial e reproduzem-se por partenogênese, gerando cópias de si mesmo sem necessidade de fecundação. São noctívagos, permanecendo enterrados no substrato durante o dia. Não põem ovos. Ampulárias e neritinas são dioicos (sexos separados), com fecundação interna, sendo que a ampulária deposita seus ovos fora d’água.Finalmente, falemos dos pequenos camarões que habitam muitos aquários e de seus hábitos alimentares. Detritívoros, algívoros e catadores, alimentam-se de animais mortos, plantas em decomposição, algas, sobras de ração, biofilme. Como bom "faxineiro", busca tanto matéria vegetal que contribui para reforçar suas cores quanto proteínas que auxiliam seu crescimento e reprodução. Bom lembrar que, em longo prazo, apenas algas não são suficientes para sustenta-los de forma satisfatória. A maior parte deles é sensível a água de baixa qualidade e altos níveis de nitrato. Bastante vulneráveis após a ecdise, necessitam de locais seguros para abrigarem-se.
O maior problema dos camarões em um aquário comunitário chama-se peixes. Por estar na base da cadeia alimentar e considerando seu pequeno tamanho (camarões recém-nascidos têm cerca de um milímetro), a predação é inevitável. Mesmo havendo vegetação densa, troncos e pedras que proporcionem abrigo, é comum que vivam escondidos, sob estresse, inclusive tanto o número de fêmeas ovadas quanto a quantidade de ovos diminui. Assim, seja por predação ou menor número de descendentes, se o aquário não oferecer uma boa ambientação, com fauna adequada, a tendência é que os camarões desapareçam do tanque.
Comedores de Algas.
Esses peixes são outra ótima opção para quem quer se defender da explosão de algas no aquário e seu gosto por algas coloca tais Ciprinídeos no rol da “Turma da Faxina”. Mas é preciso fornecer as condições corretas no aquário para a sua boa atuação. Ao mesmo tempo, como já foi dito acima, é fundamental estudar as espécies que se pretende criar, ou as que o comércio de peixes oferece, para não ter surpresas desagradáveis. A solução de um problema pode gerar outros, para dor de cabeça de muitos criadores desavisados.
Antes de apresentar as prıncipais espécies de Comedores de Algas, vale dizer que esses peixes são bastante exigentes quanto à qualidade de água, não comem qualquer tipo de alga e detestam o acúmulo de matéria orgânica no aquário. No meio natural, vivem em águas de correnteza baixa ou média, sempre no meio de pedras, cascalho fino, troncos e pedras. Além de algas, adoram pequenos vermes, crustáceos, plantas, plâncton e até alevinos de outros peixes. Em cativeiro, se alimentados com ração em excesso não se interessarão pelas algas.
Também não são a solução completa para a limpeza do aquário, muito pelo contrário, pois até ajudam a sujar a água como bons ciprinídeos que são. Ainda é preciso saber que não são adequados para aquários pequenos ou sem objetos, pedras e plantas que forneçam abrigos e esconderijos.
Crescem entre 14 cm a 28 cm, como é o caso do Comedor de Alga Chinês (Gyrinocheilus aymonieri), comumente vendido nas lojas de peixes ornamentais do Brasil (nas versões comum ou albina) a baixo preço. Apesar do nome nem mesmo são da China mas dos rios do sudoeste asiático, Tailândia, Malásia, Vietnã, etc. Tanques acima de 200 litros e com boa filtragem, trocas de água e boa circulação são os mais indicados para esta espécie, que pode viver sozinho ou em grupo. A medida que cresce, o Comedor de Alga Chinês vai se desinteressando das algas além de se tornar agressivo com outros peixes tornando-se um problema para o criador, que não sabe o que fazer com ele. Há casos relatados de predação de peixes menores e perturbação de maiores, sendo o Comedor de Alga Chinês adulto o vilão nos aquários quando se insere novos peixes de pequeno porte.
Uma espécie mais eficaz e agradável para a limpeza de algas do aquário é o Comedor de Algas Siamês (Crossocheilus siamensis), que além da beleza não cresce demais, 15 cm no máximo. O bom deste peixe é que come algas verdes, filamentosas e até petecas no início da infestação. São dóceis, mas podem se tornar territoriais com companheiros da mesma espécie.
Para saber se seu comedor de alga é o verdadeiro Siamês, basta verificar a faixa negra do corpo: ela deve ir do bico até o centro da cauda. Se a faixa acabar na base da cauda e vier junto com uma linha mais fina de cor amarelo ouro, o peixe deve ser outro: ou uma Raposa Voadora (Epalzeorinchus sp.) ou um Garra (Garra cambodgiensis), que atingem também cerca de 15 cm e geralmente são chamados de "Falso Comedor de Alga Siamês". São vendidos nas lojas brasileiras, embora não sejam comuns em todas as regiões. O nome “Falso” não quer dizer que sejam peixes ruins ou feios. Também podem ajudar muito no controle de algas, mas seu comportamento será próximo dos Lábeos. Como estes peixes, eles não se reproduzirão no aquário, o que se consegue apenas com uso de hormônios.
Poecilídeos e Jordanelas.
Não poderíamos deixar de citar, como exemplos de espécies limpadoras de algas e de sobras de comida os peixes da família dos Poecilídeos, como os Lebistes, Espadas, Platis e Molinésias, além de um parente da América do Norte próximo a eles, as Jordanelas, um ciprinídeo pouco conhecido no Brasil.
Além de bonitos e dóceis estes peixes tanto comem as algas sobre vidros e objetos quanto limpam o substrato de restos de comida, embora eles defequem muito e não comam sobras de ração estragada nem plantas mortas. Vale lembrar que gostam de água levemente salobra, o que pode ser ruim para outras espécies companheiras de aquário como cascudos, tetras e bagres, mesmo que possam viver bem em águas totalmente doces. Não crescem muito, no máximo 10 cm a 12 cm e se reproduzem facilmente nos tanques caseiros, o que pode se transformar em dor de cabeça para o criador que não deseja superlotar o aquário.
Em síntese, sobre estes peixes e invertebrados habitualmente considerados como equipe da limpeza é bom lembrarmos que:
- Não são coprófagos, ou seja: nenhum deles alimenta-se de excrementos (fezes);
- Não nos desobrigam de manutenções periódicas, como TPAs e sifonagens;
- Não nos eximem de pesquisar sobre as espécies escolhidas verificando suas necessidades (parâmetros físico-químicos da água, esconderijos, espaço, comportamento, compatibilidade com os companheiros do aquário, necessidade de grupo, entre outras) e se nosso aquário pode supri-las;
- Têm o direito de receber alimentação adequada a eles (apenas aquela encontrada no aquário pode ser insuficiente tanto em quantidade como em qualidade);
- Devem ser compatíveis com os habitantes já existentes, afinal parte da turma da faxina não precisa correr o risco de virar lanchinho da tarde e nem de tornarem-se os vilões do tanque;
- São ótimos integrantes para a fauna de qualquer aquário de água doce, por sua alegria e beleza e não somente por causa de sua presumida função.
Este texto é uma adaptação do tópico do Fórum AqOL "A Turma da faxina. Com todo o respeito" criado por Solange Nalenvajko (Xica) em 04/2014.
Escrito por: Katsuzo Koike e Solange Nalenvajko